Novos Formatos, Antigos Discursos: Representações do Surfe no Cinema Brasileiro (1991-2006)

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Parte de Comunicação e Esporte: Reflexões a Partir do Cinema . páginas 48

Resumo

INTRODUÇÃO
Na cinematografia brasileira, pela primeira vez o surfe aparece em um longa-metragem em Garota de Ipanema (Lcon Hirszman, 1967), mas é na transição das décadas de 1970 e 1980 que a modalidade aparece com mais frequência nas grandes telas, ocupando espaço de destaque em qua-tro obras: Nas ondas do surf, de Lívia Bruni Júnior (1978); Nos embalos de Ipanema (1978), Menino do Rio (1981) e Garota dourada (1983), os três de António Calmon (vIEI.0, FORTES, 2009). Além disso, ocupa lugar secundário ou aparece de maneira pontual em outras películas, como em Rockmania (Adnor Pitanga, 1986). Esse aumento da presença do surfe nos filmes nacionais tem relação com o contexto dos anos 1980. Nessa década, em relativamente poucos anos a modalidade dá um salto em termos de organização e comerciali-zação, sedimentando-se corno um esporte profissional, que movimenta bens econômicos e simbólicos muito além da esfera competitiva, inse-rida em um quadro em que crescentemente se valoriza a juventude, seja como parâmetro de vida (desejo de ser, permanecer ou, ao menos, parecer jovem), seja corno mercado consumidor (FORTES, zoii). Enquanto o esporte é elemento importante na celebração de "traços de [...] juvenilização" da sociedade contemporânea, o cinema é fundamental na criação de heróis e mitos juvenis (ENNE, 2010, p. 20). A articulação dessas características pode ser observada nos longas nos quais o surfe ocupa lugar central, marcando a construção de um imaginário típico ao redor da moda-lidade, cujo expoente maior é o personagem protagonista de Menino do Rio. Nesse cenário, na verdade, o aumento da presença do surfe não se observa apenas no cinema.