Resumo

Este estudo analisou a expansão do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) no Brasil e a atuação dos profissionais de Educação Física. Para tanto, foram levantados dados secundários referentes ao número de profissionais do NASF, equipes de Saúde da Família e equipes de NASF, obtidos a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Além disso, foram realizadas entrevistas por telefone com os profissionais de Educação Física, por uma amostra estratificada e proporcional às regiões do Brasil e modalidades do NASF. Foram investigadas as condições de trabalho, formação profissional e atividades desenvolvidas, baseadas nos fundamentos do apoio matricial (AM). Empregaram-se testes paramétricos para a análise dos dados secundários (regressão linear simples, Anova one way, com post-hoc de Tukey) e não paramétricos para a análise das entrevistas (Qui-quadrado, Exato de Fisher, Razão de Odds, pela Regressão Logística Binária e Multinomial), adotando o valor de significância de 5%. Em quatro anos de criação do NASF no Brasil, 18,6% dos municípios aderiram à proposta, obtendo um aumento médio de 6,4% ao ano na cobertura populacional do NASF. Contudo, observou-se uma expansão desigual, sendo maior a cobertura na região Nordeste e a média de profissionais na região Sudeste, sobretudo para as especialidades médicas. As cinco categorias profissionais mais recrutadas foram Fisioterapia, Educação Física, Psicologia, Nutrição e Serviço Social. A Educação Física está inserida em 49,2% das equipes de NASF; entretanto, o coeficiente de profissional por população coberta pela SF, foi menor que 1 para 100.000 pessoas. Participaram 296 profissionais de Educação Física da entrevista telefônica. Constatou-se que os profissionais do Sul apresentaram 18 vezes mais chances (IC95% 2,1-153,0) de ter vínculo empregatício estável, quando comparado com a região Norte. Quando observadas as atividades desenvolvidas pelo profissional de Educação Física do NASF, a região Sul apresentou valores 50% acima do esperado para a realização de três ou quatro indicadores de AM. Verificou-se que a chance do profissional ter realizado três ou quatro atividades, simultaneamente, foi mais associada ao grupo etário de 29 a 39 anos (RO 7,5; IC95% 2,0-28,4), aos que trabalham no NASF desde a implantação (RO 3,9; IC95% 1,1-5,4) e aos que receberam capacitação pedagógica (RO 2,6; IC95% 1,3-5,4). Nota-se um aumento da cobertura do NASF para todas as regiões, principalmente na região Nordeste. Todavia, melhores condições de trabalho e o maior número de atividades simultâneas de AM estiveram associados à região Sul, havendo uma necessidade de criar estratégias de gestão capazes de reduzir as desigualdades na implantação e instabilidade profissional aos trabalhadores da Educação Física no NASF

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