O acesso à cidadania e os usos políticos dos corpos na ciclovia de Aracaju/SE
Por Alejo Levoratti (Autor), fabio zoboli (Autor), Sayuri Silva Dantas De Oliveira (Autor).
Resumo
O presente estudo tem como objetivo interpelar o espaço público urbano da ciclovia de Aracaju e a segregação social em função dos descompassos provocados pelos fluxos neoliberais de produção de riqueza e manutenção/reprodução de pobreza. O escrito parte do pressuposto de que a ciclovia aracajuana é, em grande medida, antidemocrática, portanto, não pode ser vista como um quesito de cidadania. Para sustentar tal suspeita são tensionados alguns questionamentos: Para que atores sociais a ciclovia foi pensada enquanto política pública? Para que prática corporal urbana ela foi concebida? Para que tipo de corpos e bicicletas ela foi pensada? Em termos geopolíticos, qual a função da malha cicloviária de Aracaju? Entendemos que os usos dos corpos dos ciclistas são distintos na medida em que política e esteticamente usam suas bicicletas com diferentes objetivos. De igual modo, os processos de transmissão e utilização destas técnicas corporais são estruturados por questões de classe e de gênero. Conclui-se que embora tenha sido concebida como uma forma de construir qualidade de vida para os setores abastados, os usos dos cidadãos estão longe do que foi concebido e expresso e nela se materializam as desigualdades em termos de classe social e de género que a cidade moderna atravessa.
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