Resumo

RESUMO A sociedade ocidental caracteriza-se pelo monopólio da visão sobre os demais sentidos, provocando um incremento na valorização da imagem corporal. Mas, para além de ser uma sociedade mediática, valoriza-se a auto-realização e auto-expressão, objectivos possíveis de concretizar no tempo livre e lazer. É sobre o alpinismo, uma actividade física de lazer e que encerra riscos que colocam a integridade física em causa, que este estudo incide. Perante a possibilidade de ocorrerem acidentes que adulteram o corpo do alpinista e o afastam da imagem preconizada pela sociedade, é de questionar a valorização que este confere ao corpo. Assim, os objectivos deste trabalho foram compreender os sentidos expressos e atribuídos ao alpinismo e compreender as representações do corpo em alpinistas. Para isso foram efectuadas entrevistas semi-estruturadas a vinte alpinistas, tendo essas entrevistas sido submetidas à análise de conteúdo. Através do processo hermenêutico para as categorias criadas, podemos considerar que para os alpinistas deste estudo o corpo é um locus de expressão do valor da estética e o dever um valor essencial para um corpo disciplinado. Esta valorização do dever está subordinada aos valores hedonísticos inerentes à própria actividade, os quais não estão subordinados a nenhum valor que o prazer da conquista. Finalmente, o corpo é percebido pela sua funcionalidade, sendo inclusive menos bem tratado desde que o objectivo se concretize. Palavras-chave: corpo, alpinismo, valores. .