Resumo

O objetivo principal desse estudo foi identificar as contribuições dos ambientes (escolar e urbano) na atividade física dos adolescentes em diferentes contextos: (1) no período total do dia (diário) e especificamente, (2) no turno escolar; (3) na aula de educação física; (4) no recreio e (5) no período que corresponde ao tempo fora da escola. É um estudo de corte transversal, desenvolvido em 176 adolescentes (71 meninos e 105 meninas) de 10 escolas da rede estadual de ensino médio na cidade de Passo Fundo - RS, selecionadas por procedimento aleatório. A atividade física foi avaliada através de pedometria, verificando o número de passos nos diferentes contextos avaliados. O ambiente escolar foi avaliado por observação direta, observou-se a quantidade e a qualidade das estruturas físicas da escola, com o auxílio de uma ferramenta de auditoria. O ambiente urbano também foi avaliado por observação direta, através do Physical Activity Resource Assessment Instrument. Os adolescentes foram geocodificados e as características do ambiente urbano foram avaliadas em um raio de 500 metros (buffer) circundantes as suas residências. Para análise de dados utilizou-se estatística descritiva, test t independente e regressão linear generalizada. Os resultados indicaram que os meninos são mais ativos fisicamente em relação as meninas na aula de educação física, no recreio, fora da escola e no diário (p<0,05). As análises descritivas indicam que as escolas estaduais se diferem em relação a estrutura física e que metade dos adolescentes (52,5%) não possuem espaços públicos no buffer. Com relação as análises de associações, os resultados mostram, que não houve contribuição significativa das características do ambiente escolar com a atividade física realizada dentro da escola, nos diferentes contextos avaliados. Foi encontrada uma associação inversa, onde os meninos que estudam nas escolas com estruturas de qualidade regular, realizaram em média 208,04 (IC Intervalo de Confiança 95%=16,44/ 399,65; p=0,03) passos a mais quando comparados aos meninos das escolas com estruturas de qualidade boa. No ambiente urbano os resultados mostram que os meninos que tem um espaço público no buffer, aumentaram em média de 3.239,90 (IC 95%=1.133,86/ 5.345,93; p=0,003) passos diário e 4.073,29 (IC 95%=1.915,27/ 6.231.32; p<0,0001) passos fora da escola, em relação aos meninos que não tem espaços ou os que tem duas ou mais estruturas disponíveis. Ainda para os meninos, a proximidade de até 250 metros da sua residência até um espaço público, está associada com um aumento em média de 2.855,61 (IC 95%=785,25/ 4.925,97; p=0,007) passos diário e 3.907,96 (IC 95%=1.818,63/ 5.997,29; p<0,0001) passos fora da escola, em relação aos meninos que não tem espaço público no buffer e aos que possui esses espaços acima de 250 metros. Para as meninas a única associação encontrada foi que a menor distância até um espaço público (até 250 metros), está associada a um aumento de em média 1.908,88 (IC 95%= 98,51/ 3.719,26; p=0,03) passos diários, com relação as meninas que não tem espaço público no buffer ou as que possui esses espaços acima de 250 metros. A partir dos resultados encontrados, conclui-se que não há contribuição do ambiente escolar para a atividade física na aula de educação física, no recreio e no turno escolar. Com relação ao ambiente urbano, ter espaço público no buffer e se esses forem mais próximos de suas residências os adolescentes tendem a realizar mais atividades físicas.

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