Resumo

O objetivo do presente trabalho foi identificar as razões que fundamentam o hábito de freqüentar academias de ginástica, segundo as representações dos próprios praticantes de ginástica, tentando estabelecer conexões entre este hábito e o seu cotidiano. Foram investigados dois subgrupos do estrato social, sendo um deles da camada popular e o outro da camada média-alta. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semi-estruturada. A análise foi realizada numa perspectiva sócio-antropológica, utilizando principalmente os referenciais de Anthony Giddens, Hugo R. Lovisolo e Yara Lacerda. O primeiro autor discute o indivíduo frente à modernidade e suas exigências, Lovisolo apresenta uma análise da Educação Física, segundo uma arte de mediação na realização de demandas e objetivos sociais; Lacerda, por sua vez, desenvolveu um trabalho de investigação original dentro do mesmo teor deste que apresento, tornando-se a referência específica no que diz respeito às representações de alunos de ginástica (em seu caso ginástica suave) aqui utilizada. Os enunciados surgidos nos discursos dos informantes relacionavam-se explícita e implicitamente ao condicionamento físico; à estética ou beleza corporal; à identidade pessoal e à socialização à auto-realização com conteúdos de prazer, satisfação e disciplina e, por fim ao equilíbrio pessoal. A busca do equilíbrio fixou-se como consensual, entre os praticantes, embora os dois subgrupos investigados apresentassem matizes diferentes, geralmente associados à sua forma de inserção social e às demandas da sociedade moderna, constituindo-se o equilíbrio como uma síntese dos objetivos declarados. O estudo permitiu confirmar as hipóteses que: a) para os informantes, a freqüência regular em academias de ginástica é um regime corporal cujo o sentido é construir uma identidade pessoal com funções de equilíbrio pessoal, b) a identidade pessoal encontra seu objetivo no desenvolvimento da potência do ser (ou expressividade): c) o objetivo socialmente dominante da saúde é residual entre os grupos de alunos da academia, sobretudo entre os mais jovens.