Resumo

Resumo: O brincar como ato expressado nas relações dialógicas e sociais permeia os diferentes momentos do cotidiano escolar. Há muitos anos, seu uso e potencial educativo nos processos de ensino-aprendizado são objeto de estudo, porém, encontramos poucas pesquisas que buscam compreender os diversos sentidos e significados que o brincar assume na cultura escolar, assim como, os efeitos na prática pedagógica dos professores. Neste trabalho me propus a compreender como o brincar é significado no cotidiano das aulas de uma professora da rede municipal de Campinas. O estudo se configura com uma Pesquisa Narrativa de perspectiva bakhtiniana, construída por meio de observações das aulas e encontros para conversas realizados durante o período de um semestre, no ano de 2018. Narrativas verbais, escritas e imagéticas foram tratadas como possibilidades, reflexão e produção de conhecimentos, entre os professores/pesquisadores/brincantes que construíram a investigação em diálogo. Nas tramas da cultura escolar, para que o trabalho educativo se concretize, as regras, normas e discursos atravessam as práticas pedagógicas e criam variados efeitos em relação à importância do brincar. Esses discursos orientam a postura da professora, fazendo com que esta busque agir de maneira mais aberta, dialógica, curiosa ou também, controladora em relação ao agir das crianças. Diversas possibilidades de ser professora entrelaçam e constituem sua prática pedagógica frente ao brincar. Nesse alinhavado de intencionalidades, o brincar assumia diferentes significações. Nas narrativas apresentadas, refletimos e compreendemos, principalmente, como em algumas dinâmicas de aula se fazia presente uma tentativa de controle, também, de busca por se permitir brincar e dialogar com as crianças, valorizando outras formas de expressividade. Ao tentar assumir esse posicionamento pedagógico brincante, a professora abriu mão de ser a controladora de tudo o que acontecia nas aulas e passou a construir sua atuação na relação com o vivido, com a cultura e modos de agir das crianças com quem dialogava. Ser professor-brincante não tem a ver com abrir mão das regras e fundamentações pedagógica, mas permite que as compreensões ganhem vida na relação com o chão da escola. Busca-se a potência da infância, expressividade humana e liberdade de criação de novas formas de significar e agir no mundo, como possibilidade de educação

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