Resumo
A literatura especializada descreve grande número de agravos que são típicos das praticantes de dança; no entanto, pouco se conhece sobre os efeitos da aptidão física na determinação destes processos mórbidos. Desse modo, o objetivo da presente investigação foi observar se há associação entre a aptidão física e ocorrência de Agravos Músculo-Esqueléticos (AME) em praticantes de baIlet, comparando-as com bailarinas sem formação clássica e alunas da disciplina de Educação Física. O estudo foi realizado na cidade de Bauru -SP, com 83 jovens de 12 a 17 anos dispostas em três grupos a saber: i) bailarinas clássicas (27); ii) praticantes de dança sem formação clássica (19) e iii) alunas que participavam apenas de aulas de Educação Física (37). Foram avaliadas as capacidades físicas tanto relacionadas à saúde quanto ao desempenho atlético. Os testes foram aplicados no início e ao final do estudo. O intervalo entre as avaliações foi de 225 dias, dos quais, a cada quinzena, a executora da pesquisa entrevistou cada participante e preencheu protocolo próprio para os registros dos AME. Para análise da aptidão física foi realizada análise de medidas repetidas dos perfis médios dos grupos. A comparação entre os grupos foi realizada através do Teste Qui-quadrado e análise de variância não paramétrica. Todos os testes foram abordados considerando 5% de significância. Os resultados apontaram que as bailarinas clássicas têm peso corporal, estatura, % de gordura e índice de massa corporal inferiores aos demais grupos. A capacidade cardiorrespiratória e a impulsão horizontal não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. As bailarinas clássicas e não-clássicas demonstraram desempenho superior as escolares em relação à impulsão vertical, equilíbrio, coordenação e agilidade. Quanto às variáveis, flexibilidade, resistência muscular localizada e força muscular, as bailarinas clássicas tiveram escores superiores a dos outros grupos. As comparações entre AME e aptidão física não demonstraram correlação. Neste caso, as diferenças das ocorrências de AME entre os grupos estudados, podem ser melhor explicadas pela especificidade da prática de atividade física desenvolvida em cada uma das condições investigadas.