“O bom filho à casa torna”: análise dos países-sede dos jogos olímpicos de 2024, 2028 e 2032
Por Rodrigo Paiva (Autor), Rui Anderson Costa Monteiro (Autor), Fernanda Romano (Autor), Luis Gustavo Maganhato (Autor), Lúcia Maria Machado Bógus (Autor).
Resumo
Megaeventos esportivos são acontecimentos de curta duração e intenso apelo popular, capazes de impactar a população em todo território, inclusive em escala global. Caracterizados pela produção de espetáculos esportivos, os megaeventos concentram grandes quantidades de investimentos públicos e geram amplo retorno em forma de lucro para os investidores e parceiros da iniciativa privada. (Cashman, 2003; Paiva, 2018; Preuss, 2009 ;Rossetto Jr, 2016; Santim, 2009). No entanto, produzem efeitos pouco vantajosos quando contrapostos a três fatores-base: 1) a quantidade de recursos públicos empenhados na construção de estruturas dos megaeventos e a concessão desproporcional de lucros ao setor privado; 2) dificuldade em justificar o investimento no evento frente às demandas sociais (educação, saúde e segurança), além dos atuais eixos de Governança Social e Ambiental; 3) As condições e medidas usualmente adotadas para a construção da estrutura necessária, orientadas pela flexibilização, exploração e precarização de mão-deobra, altos índices de acidentes de trabalhos, especialmente na construção civil, e taxas de desemprego elevadas pós-construção. (Cottle, 2014). Objetivo(s): Analisar e debater sobre o retorno dos Jogos Olímpicos (JJOO) na França (2024), Estados Unidos (2028) e Austrália (2032), países-sede de edições do século XX. Método: Sabendo-se da relevância no uso de uma abordagem com rigor metodológico, consistente lógica reflexiva e coerência argumentativa (Severino, 2007), este trabalho refere-se a uma análise qualitativa descritiva. Foram objeto de análise os países-sede dos Jogos Olímpicos de 2024, 2028, 2032. Resultados: Na recente conjuntura do capitalismo, os megaeventos cumprem papel estratégico de cooptar países candidatos dispostos a sediar e, consequentemente, empenhar inúmeros recursos à realização do cenário obrigatório para promoção destes espetáculos. No século XXI esta empreitada viu-se facilitada em função do crescimento econômico dos países “emergentes” que compõem o grupo B.R.I.C.S. (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Praticamente todos os países que compõem este Bloco Econômico sediaram megaeventos: Brasil (Copa do Mundo FIFA 2014 e Jogos Olímpicos Rio 2016); Rússia (Copa do Mundo FIFA 2018); China (Jogos Olímpicos Beijing 2008) e; África do Sul (Copa do Mundo FIFA 2010). A Índia foi o único país que não sediou um evento deste porte, mas potencializou a campanha do “vizinho rico” - Catar 2022.