O Brincar na Construção da Identidade de Gênero de Crianças Internadas em Um Hospital de Alta Complexidade
Por Beatriz Paulo Biedrzycki (Autor), Silvana Vilodre Goellner (Autor).
Em Corpoconsciência v. 21, n 1, 2017. Da página 20 a 32
Resumo
A hospitalização pode se configurar como um evento estressante e traumático para a criança, sendo o brincar um comportamento frequentemente observado, agindo de forma terapêutica na hospitalização. Esta pesquisa teve como objetivo analisar o brincar de crianças internadas em um hospital de alta complexidade evidenciando as relações de gênero presentes na escolha dos brinquedos e brincadeiras. Como sujeitos da pesquisa foram selecionados 4 meninas e 2 meninos cuja observação ocorreu utilizando um protocolo específico e um diário de campo. Feita a coleta e análise de dados observei que os meninos utilizavam mais brincadeiras de regras enquanto as meninas interagiam com atividades relacionadas ao espaço doméstico. Em relação à interação entre eles percebi que as meninas passaram muito mais tempo solitárias comparando aos meninos. Quanto ao tipo do brinquedo, meninos se mostraram mais dispostos a utilizar o brinquedo cognitivo, enquanto as meninas permearam por todos os tipos de brinquedo.
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