O Bullying Visitado Pelas Questões de Gênero nas Aulas de Educação Física Escolar
Por R. A. Teixeira (Autor), C. J. Martins (Autor).
Resumo
A pesquisa teve como intuito abordar o tema gênero com enfoque especial nos assuntos relacionados à presença de meninas em jogos de futebol nas aulas de educação física. Ao nos aprofundarmos em estudos que narram a história do futebol brasileiro, raramente nos deparamos com alguma pesquisa que envolva a participação das mulheres nesse esporte e, em grande parte das vezes em que esse contexto é mencionado, essas mulheres são tratadas como afrontosas a sua natureza. O tema "gênero" apresenta várias possibilidades de análise. Ofereço uma possibilidade pensando o futsal como uma prática atravessada por questões de distinções de gênero. Nessa perspectiva, o trabalho traçou uma relação dos comportamentos presentes no bullying com as relações de gênero dentro das aulas de educação física. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória. Foram analisados 3 artigos que relacionavam o bullying escolar e o futebol feminino. Wenetz (2012) trabalhou em sua pesquisa com questões relacionadas ao gênero, procurando saber quais são os significados sociais atribuídos ao corpo e ao gênero nas práticas corporais que permeiam o recreio de primeira a quarta séries. Nessa pesquisa, a autora conclui que os espaços reservados para o recreio escolar são disputados, negociados ou impostos, pois as brincadeiras ali realizadas são generificadas. A mesma autora, em (2005), atesta que dentro do tempo do recreio, o futebol é um lugar reservado e almejado por meninos, pois por meio de sua prática são reforçadas as características apresentadas como masculinas em nossa cultura. Outro trabalho que relaciona o bullying sobre o ponto de vista que atravessa as questões de gênero, é o de Batista (2011). A autora propõe que os estereótipos de gênero perpassam vários âmbitos, inclusive o do esporte. Algo que comprovaria isso em sua pesquisa, seria a fala dos alunos, onde foi apontada uma quase identificação natural dos meninos pelo futebol, e das meninas pela dança/ginástica. Peçanha e Devide (2010) dizem que a grande colaboração para os conflitos de gênero presentes no futebol, são as diferenças de habilidade entre meninos e meninas. Em seus estudos eles relatam que durante as aulas de educação física de crianças, já podemos observar atitudes de preconceito e discriminação. Os autores constataram que durante as aulas, tanto o menino que tinha pouca habilidade motora para jogar bola, quanto a menina que se destaca em tal atividade devido a suas habilidades, tendem a ser rotuladas e discriminadas. A pesquisa confirma que algumas práticas esportivas, como o futebol feminino, são marcadas por suas histórias de inclusão e exclusão atravessadas pela questão de gênero. Todos os estudos apresentados comprovam que as violências encontradas nas práticas do bullying estão engendradas nas questões que atravessam as relações de gênero no meio do futebol. O bullying é uma questão a ser considerada e estudada para a tentativa de superação desse preconceito ainda existente em nossa sociedade.