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VIVEMOS NUMA ÉPOCA AMIGA DO EMBUSTE, do xaveco, do caô. Não só na política. O mundo está entulhado de empresários que só entregam PowerPoint, pales-trantes que fazem palestras sobre como ganharam dinheiro dando palestras, executivos que marcam reuniões para planejar as reuniões a serem discutidas em novas reu-niões. Trambiqueiros, em suma.

Quando Elon Musk surgiu no noticiário, há pouco mais de dez anos, parecia só mais um en-rolador profissional. O cara tinha levantado US$ i8o milhões com a venda de uma startup (o PayPal). Opa, parabéns. Só que aí o homem pega e resolve fundar uma com-panhia aeroespacial. Caramba. Montar uma empresa de foguetes com um punhado de milhões de dólares equivale a abrir uma esfiharia com uma nota de R$ 2. Antes de ligar o forno pela primei-ra vez, você pede falência.

E era justamente o que estava acontecendo com Elon. A SpaceX, sua fabricante de foguetes, tinha chegado à beira do abismo, e ele deu um passo adiante: resolveu abrir uma montadora de carros. Elétricos. Ai, ai... A GM, que é a GM, já tinha tentado fazer carros elétricos, e dera com os burros n'água. Não havia público para a coisa. Agora chegava um foguetei-ro amador achando que sim, que com ele, que não entendia chongas de carro, daria certo. Beleza, então.

Só que deu tudo certo. A Tesla passou a produzir alguns dos auto-móveis mais cobiçados do mundo - e graças ao sucesso dela toda a indústria automobilística caminha hoje para a eletrificação. A SpaceX foi até mais surpreendente: rein-ventou a engenharia aeroespacial, encontrando uma saída criativa para baratear lançamentos de foguetes. Nisso, Musk deu início a uma nova corrida espacial, que pode culminar com a colonização de Marte. Nada menos.

E a cornucópia de ideias do sr. Musk segue cada vez mais abun-dante. São projetos de geração de energia limpa, transporte público mais rápido, internet onipresente. Existe um novo mundo na mente de Elon. E, pelo que ele já entre-gou, esse mundo tem tudo para se tornar a nossa realidade, ou a dos nossos filhos. Você vai ver um pouco desses sonhos e dessas realidades a partir da página 24, em uma reportagem especial de 14 páginas. Obra do jornalista Felipe Germano, que soube ser polivalente como Musk na hora de lidar com essa multipli-cidade de assuntos - sempre com' graça, profundidade e, acima de tudo, senso crítico. Parabéns pelo feito, Germano. E para você, leitor, obrigado por permitir que os nos-sos sonhos se materializem nestas páginas, todos os meses. 

Alexandre Versignassi
DIRETOR DE REDAÇÃO ALEXANDRE.
VERSIGNASSI@ABRILCOM.BR 

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