O Caso Pullen: Identidade do Futebol e da Nação
Por Antonio Jorge Gonçalves Soares (Autor).
Em Motus Corporis v. 5, n 2, 1998. Da página 108 a 127
Resumo
Introdução O livro O Negro no Futebol Brasileiro, escrito por Mário Filho2, tornou-se uma referência privilegiada e quase exclusiva para historiadores, sociólogos, antropólogos e profissionais de educação física que escrevem sobre futebol.3 Sua fecundidade, atestada pela expressiva quantidade de citações recebidas, pode ser colocada em questão pelos seguintes argumentos: a- seus dados e interpretações são utilizados para confirmar quadros, conceitos e modelos teóricos estabelecidos apriori, isto é, modelos gerais de racismo, elitismo ou luta classes são confirmados a partir de qualquer indício para sincronizar a história do futebol brasileiro à história geral. Assim, a pesquisa local desaparece quando os consumidores de Mário Filho passam a operar com a lógica: o que está no macro obrigatoriamente se reproduz no micro; b- fatos e interpretações da obra são utilizados sem que haja distinção e crítica; c- a versão de Mário Filho não é confrontada com o levantamento de novos dados ou versões sobre o passado; d- a obra em questão pode ser definida como um gênero do romance realista, entretanto, as limitações de seu uso como fonte são desconsideradas.