Resumo

De 1980 a 1990, a Educação Física Brasileira (EFB) foi fortemente influenciada pela discussão sobre sua identidade como disciplina acadêmica; pelo período final da ditadura militar; e pela regulamentação da EFB como profissão. Assim, este estudo analisou a influência dessa configuração epistemológica e política sobre o currículo de três cursos de  graduação em Educação Física (EF) no Brasil. O Projeto Político Pedagógico e a Matriz Curricular dos três cursos, de universidades públicas, foram analisados utilizando duas técnicas de pesquisa qualitativa: análise do corpo de conhecimento e análise de conteúdo. Os resultados mostraram que todos os currículos analisados não apresentaram uma definição clara dos procedimentos de intervenção profissional baseados em condutas éticas específicas da área. Além disso, a base de conhecimento dos currículos é principalmente constituída pelo conhecimento acadêmico, contribuindo para o distanciamento da formação do graduando com o campo de atuação profissional. Essas descobertas podem estar associadas à insuficiente discussão epistemológica que foi iniciada pelos trabalhos de Henry e a não definição se a EFB é uma área acadêmica ou profissional. Esta investigação sugere que as disputas políticas relacionadas à profissionalização da EFB se sobrepuseram às discussões acadêmicas, o que pode ter contribuído para os problemas identificados na formação do tipo bacharelado dos profissionais de EF.

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