O Cenário Sociopolítico e a Influência da Crise de Henry nos Currículos de Graduações em Educação Física no Brasil
Por Alexandre Janotta Drigo (Autor), Luiz Henrique da Silva (Autor), Heidi Jancer Ferreira (Autor), Cláudio Silveiro da Silva (Autor), Samuel de Souza Neto (Autor).
Resumo
De 1980 a 1990, a Educação Física Brasileira (EFB) foi fortemente influenciada pela discussão sobre sua identidade como disciplina acadêmica; pelo período final da ditadura militar; e pela regulamentação da EFB como profissão. Assim, este estudo analisou a influência dessa configuração epistemológica e política sobre o currículo de três cursos de graduação em Educação Física (EF) no Brasil. O Projeto Político Pedagógico e a Matriz Curricular dos três cursos, de universidades públicas, foram analisados utilizando duas técnicas de pesquisa qualitativa: análise do corpo de conhecimento e análise de conteúdo. Os resultados mostraram que todos os currículos analisados não apresentaram uma definição clara dos procedimentos de intervenção profissional baseados em condutas éticas específicas da área. Além disso, a base de conhecimento dos currículos é principalmente constituída pelo conhecimento acadêmico, contribuindo para o distanciamento da formação do graduando com o campo de atuação profissional. Essas descobertas podem estar associadas à insuficiente discussão epistemológica que foi iniciada pelos trabalhos de Henry e a não definição se a EFB é uma área acadêmica ou profissional. Esta investigação sugere que as disputas políticas relacionadas à profissionalização da EFB se sobrepuseram às discussões acadêmicas, o que pode ter contribuído para os problemas identificados na formação do tipo bacharelado dos profissionais de EF.