O cenário sociopolítico e a influência da crise de Henry nos currículos dos cursos de graduação em educação física no Brasil
Por Samuel de Souza Neto (Autor), Cláudio Silveiro da Silva (Autor), Heidi Jancer Ferreira (Autor), Luis Henrique da Silva (Autor), Alexandre Janotta Drigo (Autor).
Em Journal of Physical Education (Até 2016 Revista da Educação Física - UEM) v. 31, n 1, 2020.
Resumo
Das décadas de 1980 a 1990, a Educação Física brasileira (EFB) foi fortemente influenciada pela discussão sobre sua identidade como disciplina acadêmica; o período final da ditadura militar brasileira; a regulamentação do BPE como profissão. Assim, este estudo analisou a influência desse cenário epistemológico e político nos currículos de três cursos de graduação do BPE. O Projeto Político Pedagógico e a Matriz Curricular dos três cursos de graduação, de universidades públicas, foram analisados por meio de duas técnicas de pesquisa qualitativa: análise do corpo de conhecimento e análise de conteúdo. Os resultados mostraram que os currículos analisados não contemplavam uma definição de procedimentos de intervenção profissional pautados em condutas éticas específicas da área. Além disso, a base de conhecimento dos currículos é constituída principalmente pelos conhecimentos disciplinares, o que contribui para distanciar a formação do aluno do seu campo de atuação profissional. Essas descobertas podem estar associadas à insuficiente discussão epistemológica iniciada inicialmente pelos trabalhos de Henry e à definição pouco clara se o BPE é uma área acadêmica ou profissional. Esta investigação sugere que as disputas políticas relacionadas à profissionalização do BPE se sobrepuseram às discussões acadêmicas, o que pode ter contribuído para os problemas identificados na preparação através dos cursos de bacharelado dos profissionais de educação física.