O Comportamento De 24 Horas Se Relaciona Com O Desempenho Na Aptidão Física?
Por João Pedro Da Silva Junior (Autor), Raiany Rosa Bergamo (Autor), Diego Rafael Sales (Autor), Pedro Moda (Autor), Victor Keihan Rodrigues Matsudo (Autor), Isabella Da Silva Nunes (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Ter hábitos e um estilo de vida saudável são primordiais na infância, pois podem ser mantidos ao decorrer da vida. A atividade física, baixo tempo de exposição às telas e o tempo adequado de sono são cientificamente comprovados como benéficos à saúde. Porém, nas últimas décadas a diminuição do nível de atividade física, aumento do comportamento sedentário e diminuição do tempo de sono em crianças são evidentes na literatura.
No Brasil crianças entre 6 e 18, 25% das crianças cumprem a diretriz de tempo de tela (não ultrapassem 2 horas por dia em frente às telas), 44% a diretriz de atividade física de (60 minutos diários em AFMV) e 30% a diretriz de sono de (9 e 11 horas) . Alguns estudos verificaram que o não cumprimento das recomendações de comportamento de movimento de 24 horas está associado à maior índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura, pressão arterial e menor aptidão cardiorrespiratória (ACR). O tempo do sono e os hábitos alimentares são aspectos importantes do estilo de vida. Quando insuficiente, o tempo de sono em crianças e adolescentes gera alterações endócrinas e metabólicas.
Estudos realizados em países desenvolvidos investigaram a relação entre aptidão física e desempenho acadêmico em escolares, porém resultados têm sido questionados por uma quantidade de limitações metodológicas, como por exemplo, a falta de padronização das provas.
Analisar as variáveis do comportamento de 24 horas, que compilam um dia inteiro, unindo esses três pilares, é uma oportunidade para avaliar composições comportamentais comparadas a indicadores de saúde, no caso, aptidão física. Embora haja conhecimento consistente sobre a relação entre as quebras do comportamento sedentário e a atividade física de intensidade leve em adultos, há poucas evidências sobre essa relação em crianças.
Artigos anteriores com a mesma amostra do presente estudo, verificaram que crianças e adolescentes mostraram que a menor duração do sono está relacionado ao excesso de adiposidade, à má regulação emocional (estresse, ansiedade e sintomas depressivos), ao menor desempenho acadêmico (por exemplo, concentração e memória) e à menor qualidade de vida/bem-estar.
Segundo Sisson e colaboradores, ter TV no quarto impacta negativamente a saúde. Equipamentos eletrônicos no quarto estão positivamente associados ao aumento da circunferência da cintura, massa gorda, gordura subcutânea e excesso de peso. O estudo também verificou que as meninas que têm TV no quarto apresentam níveis baixos de ACR.
Todavia não foi estudado até a presente data, unificadamente esses comportamentos em análises em 24h, portanto este artigo teve como objetivo analisar a associação do atendimento das diretrizes de movimento de 24 horas, com a aptidão física em escolares de Ilhabela, São Paulo.
Métodos
Este estudo foi realizado com os dados do Projeto Misto Longitudinal de Crescimento, Desenvolvimento e Aptidão Física de Ilhabela, desenvolvido pelo Centro de Estudos do Laboratório de Pesquisa da Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS), São Paulo, desde 1978. O projeto tem como objetivo, analisar dados referentes à aptidão física (antropométricos, neuromotores e metabólicos), de escolares a partir dos sete anos de idade. As avaliações foram realizadas por profissionais da área da saúde previamente treinados seguindo de acordo com a padronização de testes e medidas do CELAFISCS. Detalhes metodológicos, coleta de dados e informações adicionais foram publicados anteriormente. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) sob Protocolo número 0056/10. Amostra
O estudo teve uma amostra por conveniência composta por escolares de 9 à 11 anos, dos bancos de dados de 2019, 2022 e 2023, além disso, os escolares pertenciam a uma escola municipal de ensino fundamental. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: a) ter de 9 a 11 anos de idade; c) obter dados das variáveis de antropométricas e neuromotoras completos; d) ter dados válidos do acelerômetro; e) não ter limitações clínicas ou funcionais para realizar os testes; e f) ter o Termo de Consentimento Informado assinado pelos responsáveis. Após os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 101 escolares, 62 meninas e 39 meninos.
Comportamento de 24 horas
Para avaliar as intensidades de atividade física, leve, moderada, vigorosa e moderada a vigorosa, foi utilizado o acelerômetro Actigraph GT3X (ActiGraph, Ft. Walton Beach, Estados Unidos). O mesmo foi utilizado com um elástico durante sete dias seguidos, posicionado no quadril na linha axilar média direita e as crianças foram encorajadas a usar o acelerômetro 24 horas por dia, e orientadas a retirar o acelerômetro apenas para atividade aquáticas (banho/piscina/mar).
O sono foi avaliado por questionário validado anteriormente. olhar ref do ISCOLE sobre os questionários
Falar Comportamento sedentário por questionário do ISCOLE: tempo de TV, tempo na frente do video game e computador
Aptidão Física
A aptidão física compreende variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas. Para este estudo foram utilizadas apenas as variáveis antropométricas e neuromotoras.
As variáveis antropométricas, o peso corporal (kg) foi mensurado por balança digital (Filizola ®, modelo Personal Life). A estatura (cm) foi avaliada por estadiômetro, e posteriormente foi realizado o cálculo do IMC (kg/m2) pela divisão do peso pela estatura ao quadrado. Além disso, foi utilizada uma fita metálica (Cescorf) para mensurar a circunferência da cintura (cm), com posicionamento da fita na posição média entre a última costela e a crista ilíaca; a circunferência de quadril (cm), posicionada na maior porção glútea dos escolares; e adiposidade, pela soma das 7 dobras cutâneas, dobra bicipital, tricipital, subescapular, axilar média, supra ilíaca, abdominal e panturrilha, por meio de adipômetro (Harpenden®) graduado em milímetros (mm) previamente calibrado. Foram realizadas três medidas e considerada a média de cada variável. Todas as medidas seguiram o protocolo do CELAFISCS, e foram realizadas por profissionais da área de saúde previamente treinados.
Variáveis neuromotoras
A força muscular de membros superiores foi avaliada por meio do teste de preensão manual pelo dinamômetro Takei (Modelo Grip A TKK 5001, Tóquio, Japão). As crianças foram colocadas em posição ortostática, segurando o aparelho na mesma direção ao antebraço. Foram tiradas duas medidas de cada mão alternadas, considerando a melhor execução de ambas segundo a padronização do CELAFISCS.