Resumo

A insegurança alimentar e nutricional (IAN) para menores de 18 anos se refere à falta de acesso consistente de alimentos suficientes para atender às necessidades nutricionais básicas. Para atletas e praticantes de exercício físico, há algumas considerações adicionais devido ao aumento das demandas energéticas, recuperação muscular e otimização do desempenho físico, além do desenvolvimento ósseo, muscular, imunológico e recuperação de lesões. Contudo, poucos estudos avaliaram a IAN de crianças e adolescentes praticantes de exercício físico, especificamente, o atletismo. A IAN requer intervenções eficazes, como políticas públicas e apoio contínuo às famílias vulneráveis. Garantir que todos os atletas menores de 18 anos tenham acesso a uma alimentação adequada é essencial para promover seu crescimento, desenvolvimento e desempenho físico. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi verificar se existe associação entre o consumo de carboidratos no café da manhã e o desempenho físico de crianças e adolescentes em insegurança alimentar e nutricional que praticam atletismo. MÉTODOS: Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário São Camilo (6.015.141), cuja amostra foi composta por crianças e adolescentes (7 – 17 anos) beneficiários de um programa educacional de jovens atletas de atletismo localizado na cidade de Campinas. A avaliação da IAN foi feita pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), o desempenho físico foi avaliado pelos testes: I. Velocidade 50 metros (50-M ST), utilizado para avaliar a potência anaeróbica; II. Counter Movement Jump (CMJ), avaliar a manifestação da força explosiva relativa da perna; III. Salto em distância (HLJ), avaliar a força de impulsão; IV. Força de lançamento (TST), avaliar a força explosiva dos membros superiores; V. Squat Jump (SJ), avaliar a força e potência dos membros inferiores. Foi utilizado o software Nutrition Data System for Research (NDSR) para avaliar o consumo alimentar obtido pelo recordatório de 24 horas. Os grupos foram estratificados de acordo com o consumo ou não do café da manhã. Dados sociodemográficos e potenciais variáveis confundidoras foram avaliadas. A análise de associação foi feita por regressão linear, considerando o resultado dos testes de desempenho como variável dependente e a quantidade carboidratos (CHO) em gramas por quilo (kg) de peso corporal total consumidos no café da manhã como variável independente. Para cada teste de desempenho foi criado um modelo de regressão com a variável dependente e as mesmas variáveis de controle: categoria da insegurança alimentar, nível socioeconômico, sexo, idade e percentual de gordura corporal. RESULTADOS: A amostra foi composta por 187 participantes (n= 73 do sexo feminino; n= 114 do sexo masculino) e idade média 12.4 ± 2.77 anos. 47.6% em IAN (n= 8, 20 e 61 em grave, moderada e leve, respectivamente). Quarenta e um (21.9%) participantes não realizavam o café da manhã, desses, 18 (43.9%) estavam em IAN. O consumo médio no café da manhã foi 501 ± 353 kcal, 52.6 ± 16.0 % de CHO e 66.0 ± 51.7 gramas de CHO. 41.8% (n=61) consumiu <1 gramas de CHO por kg de peso. Pode-se verificar que a quantidade de carboidratos por kg de peso ingeridos no café da manhã foi negativamente associada aos testes de desempenho avaliados. O modelo de regressão explicou 57% (50-m ST), 58% (HLJ), 54% (TST), 51% (SJ) e 61% (CMJ) da variabilidade. Dados da regressão linear apresentados na tabela 1. CONCLUSÃO: Podemos concluir que o consumo de gramas de carboidratos por quilo de peso no café da manhã foi negativamente associado ao desempenho físico de crianças e adolescentes praticantes de atletismo em insegurança alimentar e nutricional.

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