Resumo

O Tema para o debate que foi proposto pelo SESC é absolutamente atual, instigante e inovador. INOVADOR (!) Seria mesmo (!) Afinal, o Corpo ocupa uma razoável parte das nossas preocupações e interesse: quando ele dói ou adoece, quando nos olhamos no espelho e gostamos ou não daquele corpo que vemos, quando se vê milhares de pessoas malhando nas academias, quando os temas relativos à saúde do corpo ocupam exaustivo número de páginas de jornais e revistas (Corpo e Saúde, Corpo e Forma, Corpo em Movimento, Corpo e Estética, etc...), horas e horas de programa de TV, escarafunchando cada problema, cada possível solução, cada nova pesquisa norteamericana... E a Cidade então (!) É uma realidade brasileira incontestável do final do século passado até hoje. O Brasil tornou-se um país hegemonicamente urbano. 80% da população mora nas cidades. Grandes e médias cidades desenvolvem-se rapidamente e vão criando enormes manchas conurbadas. Os problemas das grandes cidades vão rapidamente se estendendo às pequenas e médias. E temos milhares de estudos sobre todos os aspectos das Cidades, seminários, teses acadêmicas, conferências da ONU... Como garantir moradia a todos. Como garantir saneamento e água a todas as moradias. Como deslocar milhões de pessoas e carros todos os dias para todos os cantos da cidade. Com estas considerações iniciais na cabeça, comecei a me preparar para o tema, me propondo a olhar e a refletir criticamente sobre a aparência imediata de corpo e cidade, buscando algo de suas essências e de sua relação. A simples observação do dia-a-dia na cidade (cidade de SÃO PAULO) vai revelando tantas informações e mensagens. Ao mesmo tempo busquei elaboração e textos que abordassem o tema por outros ângulos diferenciados. Um dos mais interessantes foi o livro de Ivaldo Bertazzo - Espaço e Corpo - , publicado pelo próprio SESC o ano passado. Ivaldo Bertazzo é coreógrafo, professor de dança e terapias corporais. E só ao final da reflexão encarei o tema como alguém que cumpriu uma função pública como Secretária de Esportes e Lazer de São Paulo durante quase 4 anos, que teve oportunidades e limites para interferir, ainda que restritamente, no desenvolvimento da cidade e na vida da população. 2 - A Cidade, como base territorial e concreta, desenvolvida por e onde se desenvolve uma sociedade moderna, capitalista, competitiva , impõe padrões às pessoas. (Aqui estabeleço um conceito indispensável que é considerar a cidade dentro do contexto de uma sociedade determinada, sua estrutura econômica, social, cultural e ideológica, suas relações de produção, a situação social de desigualdade: não existe igualdade de condições e possibilidades entre quem mora no centro e na periferia, entre quem tem sua renda assegurada e quem vive entre o desemprego, o subemprego e a informalidade). A cidade A cidade impõe padrão de deslocamento A cidade impõe limites de espaços A cidade impõe situações de stress e tensão física e emocional A cidade impõe padrões estéticos - A cidade impõe padrão de deslocamento - os deslocamentos rotineiros na cidade para trabalho, estudo e serviços são condicionados pelas distâncias entre estes locais e o local de moradia. Distâncias que não se cobre a pé, nem de bicicleta. Transporte por carros é lento, sedentário, de gestos repetitivos, demorado. Transporte público , em geral,

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