O Corpo e a Voz Insurgentes de Irenice Maria Rodrigues

Por Cláudia Maria de Farias (Autor).

Parte de Racismo e Esporte no Brasil: Um Panorama Crítico e Propositivo . páginas 263

Resumo

Em diferentes momentos da história republicana do Brasil, as relações entre política e esporte foram evidenciadas. Não raro, no pós-30, o futebol surgiu como síntese otimista do país; expressão da nacionalidade e símbolo de um futuro próspero. Outras vezes, ocorria o contrário. E a mestiçagem brasileira, tão valorizada nos campos de futebol por meio da ginga, malícia e dos dribles infernais do scratch nacional, tornava-se motivo da descrença e infelicidade do país, como no campeonato mundial de 1950, realizado no Brasil. À frustração nacional que se seguiu, a imprensa e a sociedade carioca elegeram alguns culpados: o goleiro Barbosa, o zagueiro Juvenal e o lateral-esquerdo Bigode. Não por acaso, três jogadores negros. Até a hora de sua morte, Barbosa levaria consigo essa mágoa, muito embora tenha sido eternizado no Vasco por suas grandes defesas e homenageado recentemente pelo clube no dia do goleiro, em 26 de abril. De acordo com Hilário Franco Júnior, “o problema da raça brasileira reaparecia de forma aguda, reforçando o complexo de inferioridade existente. Para muitos discursos racistas, a composição étnica havia definido a sorte da própria sociedade. Mesmo sabendo-se que Obdulio Varela, o grande capitão uruguaio e destaque do jogo final, era mulato”