Resumo
O presente estudo teve como objetivo principal identificar e analisar as histórias de vida de mulheres praticantes de antiginástica, em busca da razão pela qual seguem com o trabalho de sensibilização corporal há mais de cinco anos, que, por sua vez, se diferencia dos modismos presentes em nosso contexto social quanto à padronização dos corpos, através da massificação de algumas práticas corporais, como o esporte e a ginástica de academia. O estudo é de natureza qualitativa, utilizando a história de vida oral como método de investigação. A partir dos resultados obtidos nas narrativas da trajetória de vida das participantes, verificamos que o encontro com a proposta de trabalho, diferenciada da ginástica de academia, por exemplo, influenciou a busca pela antiginástica, por apresentar mais coerência com a realidade do corpo feminino, em suas limitações e tensões. A razão pela qual permanecem na vivência da antiginástica é expressa pela mudança no estilo de vida e na percepção do corpo, significando uma melhor qualidade de vida. O olhar das mulheres para si mesmas, antes dessa vivência, era de insegurança, de exigência, de auto-crítica, de ansiedade, demonstrando, então, um olhar fruto da educação familiar e escolar que estabeleceu durante a sua vida um modelo de mulher a ser seguido. Após a antiginástica, o olhar das mulheres assumiu dimensões mais amplas em relação ao corpo à medida em que se vêem mais confiantes, tranqüilas, conhecedoras do próprio corpo, das suas limitações, através de um processo de conscientização. O olhar passou a ser mais harmônico, permitindo-se um contato com o corpo e com seus sentimentos íntimos na tentativa de ultrapassar os muros das fragmentações e transcendendo o referencial anatômico do corpo; consequentemente, despertando para a sua presença e existência no mundo enquanto corpo.