Resumo

O inconformismo da Adolescência é um fenômeno universal na socie-dade contemporânea e se traduz ora pela revolta, ora pelo desespero dos jovens, que já não aceitam a ordem tradicional e ainda não encontraram novas estruturas compatíveis com suas necessidades e aspirações.

As agitações políticas atingem as ditaduras comunistas e as fascistas, e também os países mais democráticos, O exotismo e a violência proliferam por Vida parte, expressando o desajustamento da juventude, cujo índice de criminalidade supera o de todos os outros grupos etários (Smith, 1952; Lancet, 1966) e chega a crescer na proporção de 90 a 100% em uma década (Lancet, 1951; Eppel, 1967). Quando não se rebela, o jovem se precipita no desencanto e no escapismo, seja através da "fuga patética para o mundo mágico das drogas" (Lancet, 1968), seja pelos caminhos irreversíveis do suicídio, por onde se evadem, na Inglaterra, dois adolescentes em cada se-mana (Mulcock, 1955), elevando-se ao dôbro a incidência no decurso de vinte anos (Eppel, 1967).

As causas da rutura entre a mocidade e o mundo de hoje, múltiplas e complexas, foram apontadas pelo recente Concilio Ecumênico ("Gaudium et Spes", 1966), que vislumbra suas raízes em nossa ignorância do ser hu-mano adolescente. Os Padres Conciliares ("Apostolicam Actuositatem", 1967) insistiram na imperiosa necessidade do conhecimento recíproco de jovens e adultos, mediante a utilização de todos os meios científicos, nota-damente a Sociologia, a Psicologia e a Antropologia.

As sensatas advertências da Igreja, apontando a responsabilidade da cúpula social' ante os problemas que afligem o ser humano na transição da infância para a maturidade, acentuam que, sem conhecermos o adolesçente, não podemos entende-lo nem fazer-nos entender. Mergulhamos numa Babel, que obscurece o próprio futuro da Humanidade. O estudo ciéntífico do jovem deve começar pelo de sua História Natural, mas esta é vítima de uma indiferença funesta, que invalida qualquer 

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