Resumo
A escravidão “organizada” por alguns países europeus dentro de terras africanas provocou nos mais dissemelhantes espaços daquele continente, uma atrocidade com diversos povos que viviam suas vidas juntamente com seus coletivos. Além disso, a retirada forçada desses grupos do solo africano causou muitos danos físicos, psicológicos, sociais e culturais. Nesse bojo, a chamada diáspora africana teve consequências principalmente em países da América. O Brasil, como colônia desses países que cometiam a desumanidade da escravidão e faziam o tráfico de escravos negros(as), foi o país que mais recebeu pessoas para tal prática a partir de meados do século XVI. Como justificativa de validação da tirania, o termo “raça” foi utilizado para inferiorizar as pessoas que não se enquadravam nos padrões impostos por muitos europeus. Porém, inúmeras formas de resistência foram coordenadas por grupos de negros(as) que vivam tais condições de opressão. A organização desses coletivos perpassou por um longo tempo e existe até os dias atuais. Com as lutas travadas nesse período, as reinvindicações dos descendentes de escravos se materializaram no país em políticas de reparação. A lei 10.639/03 e as orientações curriculares para as relações étnico-raciais foram resultados expressivos de direitos para a educação da cultura afro e afro-brasileira. No entanto, por mais que a inclinação para a pedagogia orientada por esses documentos concentre-se em algumas áreas do conhecimento, é importante ressaltar que mesmo os componentes que estão fora da obrigatoriedade indicada devem abordar o tema de maneira investigativa. É nesse sentido que o objeto desta pesquisa tem, em sua órbita, a formação de professores e, em seu centro, as práticas curriculares dos professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino do Município de São Paulo, cujos cargos estão vinculados à Diretoria Regional do Campo Limpo. A construção da hipótese que norteia este trabalho levou em conta a relevância de documentos institucionais e volta-se para a formação organizada pela DRE-CL e SME. Assim, a indagação perseguida ao longo da pesquisa foi a seguinte: seriam esses mecanismos importantes com questões atuais para fazer com que a prática pedagógica dos professores sobretudo de Educação Física se materialize? Os caminhos escolhidos no cerne da pesquisa qualitativa foram dois: de um lado, a construção de “textos” como meio para a interpretação de várias formas de linguagem nos mais diferentes contextos, tanto sociais, como culturais ou interpretativos, procedimento que produz conhecimentos tecendo interpretações complexas sobre as realidades no cenário social; e, de outro, os Estudos Culturais, os quais constituem o referencial teórico central para entender o objeto que têm como fundamento decifrar os meandros das heterógenas culturas, quase sempre buscando suas bases nos mais diversos territórios das ciências humanas, no caso dessa pesquisa, o pós-estruturalismo e o pós-modernismo, que, juntamente com os estudos pós-coloniais, contribuem com análises significativas no contexto do currículo, formação de professores e na prática pedagógica.