Resumo

o presente trabalho parte do debate posto pelo pensamento pós-moderno aos estatutos da modernidade e procura investigar sua relação com a teoria e prática educacional e mais especificamente escolar e com o campo do currículo. Buscou-se analisar como o pensamento, o discurso e a condição pós¬moderno podem e/ou afetam o currículo e a vida da escola. Para isso, a pesquisa lançou mão de um estudo de caso de uma escola pública de Ensino Fundamental de forma a analisar as múltiplas dimensões da vida escolar e as ações, práticas e discursos dos diferentes integrantes da escola ¬professores, alunos, direção, coordenação e agentes escolares. Buscou-se assim, refletir sobre como a escola e seu currículo se colocam diante do pensamento, discurso e condição pós-modernos, e como a posição pós-estruturalista pode "ler" os fenômenos do currículo escolar. Em termos de resultados da pesquisa procurou-se estar atento ao que dizia o campo, a escola, sem perder de vista quais debates travavam os diferentes matizes do pós-moderno em educação. O lema do "aprender a aprender", seja como ideologia do capitalismo atual, seja como forma discursiva dominante no cenário pedagógico contemporâneo, mostrou-se presente em práticas e discursos de diversos integrantes da escola. Em um segundo momeqto, refletiu-se sobre como o mundo do trabalho e a cidadania se interseccionam com o universo da escola e seu currículo. Analisou-se, assim, os desafios e avanços que esta escola tem conseguido para nela desenvolver e implementar uma cultura mais democrática em sua gestão e por procurar aproximar-se da comunidade, vinculando-se através da cultura, do esporte e do saber. Por outro lado, as barreiras sociais impostas às camadas pobres para a mobilidade e ascensão social - por meio do emprego, do acesso aos bens de consumo e da extensão da vida estudantil até a universidade - tornam ainda maiores na medida em que a escola está submetida à lógica neoliberal do Estado Mínimo, à maximização dos resultados com o mínimo de recursos financeiros, à desvalorização do professor e a uma pedagogia calcada no aprender a aprender. No terceiro momento, analisou-se as contribuições da perspectiva pós-estruturalista, sobretudo de linha foucaultiana, na compreensão do currículo escolar. Para isso, compreendeu-se o currículo como política cultural, como lugar de disputa por determinadas narrativas e pelo "direito" de se narrar o "outro". A abordagem destas questões referentes ao diálogo entre teoria e empiria, se guiou pela proposição de se situar criticamente em relação a pós-modernidade. Seja relevando seus aportes que enfrentam certos estatutos da modernidade e seus efeitos de dominação, como o universalismo e a neutralidade da razão e da ciência, as meta narrativas e a concepção de sujeito do conhecimento autocentrado presentes nas teorias (criticas) educacionais, seja pela necessidade de se apontar o risco de adesão aos ideais neoliberais do capitalismo atual através de práticas pedagógicas e políticas educacionais, o objetivo deste estudo foi refletir sobre possíveis interconexões e relações a respeito da teoria e prática educacionais com o pós-moderno quando se debruça sobre a escola e o currículo na atualidade. Este estudo se balizou, dentre outros autores, em Silva (1999, 1999b), Moreira (1994, 1997), Duarte (2001), Canário (1996), Foucault (2000) e Santos (1999).

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