Resumo

O lazer é uma necessidade humana, impulsionada e, por vezes cerceada, por influências diversas, como a cultura, classe social, gênero, faixa etária, etnia, entre outros marcadores sociais. Porém, mesmo circunscrito por tantas coerções, o lazer existe e resiste de alguma forma. Se faz presente mesmo nas pequenas ações cotidianas que se desviam das obrigatoriedades por alguns momentos, bem como nos tempos alargados, conquistados após inúmeras lutas sociais na história. Com essa premissa, a presente pesquisa teve como objetivo geral identificar os possíveis lugares do fenômeno do lazer na escola do ensino fundamental. Para isso elencamos os seguintes objetivos específicos: (1) Investigar metodologias de pesquisa capazes de aproximar pesquisadora e grupo co-pesquisador, (2) compreender com as crianças constituintes do grupo-pesquisador os possíveis lugares do lazer na escola e (3) distinguir no cotidiano escolar as experiências de lazer discentes. Para isso utilizamos de abordagem qualitativa. Na primeira fase da pesquisa a metodologia sociopoética se fez presente por meio da pesquisa mediada por aparelhos tecnológicos, baseada em Conversas individuais e em grupo via aplicativo de mensagens (WhatsApp©), Rodas de Conversa via ferramenta de videoconferência (Google Meet©), bem como produções artísticas, dentre elas, desenhos e vídeos. Na segunda fase da pesquisa realizamos a observação participante na escola que acolheu a pesquisa, registradas em Diário de Campo. A partir da triangulação dos dados de ambas as fases da pesquisa identificamos alguns lugares de lazer na escola, foram eles: a resistência, a articulação, a fruição, a recompensa, a mistura de usos, a quebra de regras, a raridade, as oportunidades, a fluidez, a marginalização e a vertigem. Dessa forma, percebemos é possível distinguir que um dos lugares do lugar do lazer na escola está na clandestinidade. Velado, este se mantém atento às oportunidades e delas se aproveita. Metaforiza as regras para que funcionem por seus próprios quadros de referência, se efetiva em meio às minúcias, pequenas brechas encontradas ou cunhadas no cotidiano da escola. E assim, calcula formas de proceder, articulando-se à vivência escolar cotidiana, infiltrado e presente.

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