O Desafio da Modernidade e as Artes Marciais Chinesas Uma Análise Sobre a Inclusão do Wushu nos Jogos Olímpicos
Por Marcio Antonio Tralci Filho (Autor).
Resumo
As artes marciais chinesas (Kung Fu ou Wushu) provavelmente são uma das práticas culturais mais populares que cruzaram as fronteiras da China. De acordo com a Federação Internacional de Wushu existem federações nacionais de Wushu na maioria dos países de todos os continentes, configurando 146 federações membros. Além disso, o IWUF é a entidade responsável por pleitear o Wushu como esporte olímpico. Diante disso, o objetivo do artigo é analisar a relação dinâmica entre tradição e modernidade em alguns dos argumentos utilizados para a inclusão do Wushu nos Jogos Olímpicos de 2008. Para tanto, foi feita uma análise, a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, sobre o vídeo apresentado ao Comitê Olímpico Internacional em 2002 para a introdução do Wushu nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A análise foi feita com base em uma "Teoria da Recepção", presente principalmente nas obras de Stuart Hall, que consideram a "centralidade" das questões culturais, bem como as relações de poder envolvidas na sua construção discursiva. Os resultados foram apresentados levando-se em consideração três aspectos: as representações a respeito da China, as representações a respeito do Wushu e a aproximação do Wushu com o modelo ocidental de considerar as práticas corporais. Desse modo, observou-se que as possíveis tensões entre o “tradicional” e o “moderno” parecem não atingir uma contradição no vídeo da IWUF. Os conceitos europeus sobre o esporte aliados ao “Movimento da Nova Cultura” possivelmente inventaram uma nova tradição para as artes marciais, mas essa tradição operou não apenas na sustentação de certas elites e no conceito de nação, mas também enquanto uma posição afirmativa e de resistência diante do processo de colonização realizado por potências estrangeiras.