Resumo

As artes marciais chinesas (Kung Fu ou Wushu) provavelmente são uma das práticas culturais mais populares que cruzaram as fronteiras da China. De acordo com a Federação Internacional de Wushu existem federações nacionais de Wushu na maioria dos países de todos os continentes, configurando 146 federações membros. Além disso, o IWUF é a entidade responsável por pleitear o Wushu como esporte olímpico. Diante disso, o objetivo do artigo é analisar a relação dinâmica entre tradição e modernidade em alguns dos argumentos utilizados para a inclusão do Wushu nos Jogos Olímpicos de 2008. Para tanto, foi feita uma análise, a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, sobre o vídeo apresentado ao Comitê Olímpico Internacional em 2002 para a introdução do Wushu nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A análise foi feita com base em uma "Teoria da Recepção", presente principalmente nas obras de Stuart Hall, que consideram a "centralidade" das questões culturais, bem como as relações de poder envolvidas na sua construção discursiva. Os resultados foram apresentados levando-se em consideração três aspectos: as representações a respeito da China, as representações a respeito do Wushu e a aproximação do Wushu com o modelo ocidental de considerar as práticas corporais. Desse modo, observou-se que as possíveis tensões entre o “tradicional” e o “moderno” parecem não atingir uma contradição no vídeo da IWUF. Os conceitos europeus sobre o esporte aliados ao “Movimento da Nova Cultura” possivelmente inventaram uma nova tradição para as artes marciais, mas essa tradição operou não apenas na sustentação de certas elites e no conceito de nação, mas também enquanto uma posição afirmativa e de resistência diante do processo de colonização realizado por potências estrangeiras.

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