O direito à cidade: Reflexões sobre espaço público e lazer

Parte de Gestão Estratégica das Experiências de Lazer . páginas 135 - 149

Resumo

As cidades representam a intervenção humana mais significativa e profunda sobre o ambiente e, conforme Moreno (2002), desde o período neolítico, antes de se pensar em uma forma urbana de se residir, já se apresentavam condições iniciais para o surgimento das cidades, com a fixação do homem na terra em função do desenvolvimento da agricultura e da criação dos animais. Na verdade, antes mesmo de existir o formato que atualmente se reconhece como cidade, como afirma Mumford (1965), havia o agrupamento humano na caverna, no esconderijo, no acampamento, na aldeia e no pequeno povoado, com funções e finalidades diferentes, que foi se modificando a partir do momento em que o homem passou de nômade a caçador e agricultor, caracterizando uma forma fixa de moradia. O processo de transformação do povoado ou da cidade-vila em um centro urbano-econômico demonstra a essência da cidade que foi, prioritariamente, um local de trocas, onde existia um espaço central de intercâmbio de mercadorias, característica presente no surgimento da maioria ou complexos industriais e de pequenos aglomerados satélites. Dessa forma, a cidade contemporânea tem sido lugar de contradições e lutas simbólicas, alicerçadas pelo capitalismo. Nesse cenário, tanto a cidade quanto o lazer acabam virando mercadorias. Atualmente, a manifestação do lazer é uma característica fundamental na vida urbana, no cotidiano das pessoas e em seu tempo disponível nas cidades. Isso significa dizer que, para que se tenham elementos para a gestão do lazer vivenciado nas cidades, é necessário se compreender a dinâmica das cidades e dos espaços públicos de lazer.