O Discurso dos Treinadores de Handebol Escolar Sobre os Sistemas Defensivos Priorizados nas Categorias Mirim e Infantil
Por M. R. T. Dias (Autor), R. P. Menezes (Autor).
Resumo
O handebol é caracterizado como um jogo esportivo coletivo (JEC) de invasão, no qual a disputa ocorre em um espaço comum aos jogadores das equipes, configurando importantes relações de cooperação e oposição em diferentes fases do jogo (ofensiva, defensiva e transições). Nas etapas iniciais do processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT), que muitas vezes ocorrem dentro do ambiente escolar, os treinadores possuem um papel central no qual devem viabilizar o acesso dos jogadores aos diferentes conteúdos do handebol (como os sistemas de jogo, os elementos técnicos e técnicotáticos). Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi investigar os sistemas defensivos preconizados por treinadores escolares de handebol. Foram entrevistados oito treinadores com média de idade de 41,9 (±12,5) anos que dirigem equipes nesse âmbito há 13,9 (±9,2) anos. Foram consideradas as faixas etárias das categorias mirim (12-14 anos) e infantil (15-17 anos) de acordo com as competições escolares Estaduais. Os depoimentos foram tabulados e analisados de acordo com o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os resultados apontaram que os treinadores adotam sistemas semelhantes nas categorias mirim e infantil, porém é possível identificar dois grupos: a) aqueles que priorizam sistemas defensivos fechados (6:0 e 5:1); b) aqueles que priorizam sistemas defensivos abertos (3:3, 3:2:1) e marcação individual. A justificativa para priorizar os sistemas defensivos fechados são: maior compactação do sistema, maior segurança no sistema 6:0, tirar o ímpeto dos jogadores de tentar roubar a bola e passa a impressão de que os jogadores tentam defender mais. Já os que optam pelos sistemas abertos consideram importante: tentar recuperar a posse da bola sem um contato mais frequente, obrigar os atacantes a se esforçarem mais, exigir atenção permanente dos defensores e desenvolver a noção do espaço e dos setores da quadra. Diante desse panorama concluímos que o processo de EAT deve possuir diferentes estímulos, priorizando o desenvolvimento de diferentes capacidades dos jogadores. Porém é necessário atentar para a importância dos sistemas defensivos abertos e da marcação individual como pré-requisitos para a aprendizagem dos sistemas defensivos fechados, que apresentam diferentes problemáticas aos defensores e, principalmente, o compartilhamento de responsabilidades. Os resultados desta pesquisa podem servir como indicativos para o processo de EAT do handebol em âmbito escolar, possibilitando uma reflexão sobre os procedimentos pedagógicos adotados para o ensino dos elementos e sistemas defensivos.