Integra

INTRODUÇÃO:

Historicamente a dança esteve e permanece ligada ao político, à comunidade, à religião. Marcaram e ainda marcam presença nos diversos momentos: escola, trabalho, casamento, igreja. Parte da história do cristianismo simplificou a amizade à metáfora familiar baseada no conceito de fraternidade. A dança entendida como profana corrompia o sexo e a matéria. No que se refere ao gênero, dependendo do repertório de dança, a vivência ainda é bastante julgada e estigmatizada. O estudo tem como problemáticas: Quais os (re)significados que a dança possibilita na vivência de relações livres e não institucionalizadas, no sentido de não estabelecer modelos pré-definidos? Como os bailarinos(as) do Grupo Caetés, em seu cotidiano com o outro, convivem com atitudes pré-conceituosas e princípios do espaço privado, no que se refere ao gênero e à religiosidade? A pesquisa tem como objetivos: Identificar e analisar os (re)significados que a dança possibilita na convivência com o outro, transcendendo modelos pré-estabelecidos; Identificar e analisar de que forma as interferências do gênero e da religiosidade são tratadas por bailarinos(as) do Grupo Dança Caetés ao conviverem com estigmas e pré-conceitos por vivenciarem a dança.


METODOLOGIA:

A pesquisa de natureza qualitativa do tipo Estudo de caso, constitui como grupo investigação por nove (09) integrantes do Caetés, sendo quatro do sexo masculino e cinco (05) do sexo feminino. Torna-se importante dizer que a primeira bailarina entrevistada caracterizou-se, inicialmente, como entrevista piloto, no entanto, seu discurso trouxe contribuições significativas para o presente estudo. A escolha do grupo ser investigado foi caracterizada como uma amostragem intencional por estabelecer como critério, aqueles adolescentes que possuíam maior tempo na vivência com a dança. O instrumento utilizado para coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada. A escolha do primeiro integrante do Grupo entrevistado foi aleatória. A entrevista semi-estruturada foi registrada em gravador portátil. Antes de iniciar a entrevista, o pesquisador apresentouesclarecimentos sobre a pesquisa. O instrumento aplicado, prevaleceu dia e o horário convenientes aos entrevistados. E após a transcrição literal, os entrevistados terão acesso para a autorização e utilização de seu discurso como dados de pesquisa. Considerando a análise dos dados obtidos no estudo apresentamos as seguintes categorias temáticas: 1. Corpo, Dança e Religiosidade; 2. Corpo, Dança e Gênero.


 RESULTADOS:

Por meio dos dados obtidos, entendemos religião como sinônimo de religiosidade. Para nós, a religiosidade torna-se mais ampla e não se prende às orientações religiosas ou doutrinas. Porém, quando indagados por questões da religiosidade os participantes relacionaram à religião, muito embora saibamos que ela é um dos vieses da religiosidade. Numa idéia de gênero e preconceito, podemos perceber que está tudo agregado a cultura na atualidade, do ontem e do nosso futuro, principalmente quando encontramos o homem na dança, que mesmo nos dias de hoje esta atrelado ao homossexualismo. Mas todos esses pensamentos construidos através dos tempos esta em enorme transformação. Em teorização de Michel Foucault e Jacques Derrida, privilegia a discussão de gênero a partir de outro com base em abordagem (entendida aqui em sentido amplo) como lócus de produção das relações que a cultura estabelece entre corpo sujeito, conhecimento e poder. Os participantes da pesquisa entedem o político como respeito e tolerância ao seu próximo.


CONCLUSÕES:

Ao olharmos o corpo dançante, podemos perceber que a dança é mediadora de transformações. As relações, que a dança possibilita são vistas na convivência com os demais, pois ela amplia o olhar para a vida em sociedade, tornando o corpo dançante consciente ou não, independente dos rótulos e preconceitos sociais, tolerante as diferenças, que desdobra assim a política do corpo. A necessidade de respeitar as diferenças e contemplar a arte dançante ultrapassa o que foi estabelecido culturalmente a respeito de gênero na dança, que retoma a discussão do homem nessa prática corporal. A dimensão da religiosidade transcende a crença religiosa, vista nos discursos dos integrantes do Grupo da Dança Caetés, vista religiosidade do outro respeitada, essas dimensões de gênero e religiosidade são interfaces da política do corpo na dança. O presente estudo traz contribuições relevantes nas reflexões sobre o corpo e a dança a partir de suas interfaces com gênero e religiosidade, podendo tornar-se discussão para outras pesquisas na Dança, bem como na Educação Física, podendo contribuir a exemplo, na operacionalização dos temas transversais no que se refere à pluralidade cultural.