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O dito cujo, Jair Bolsonaro, dizer asneiras boca afora e depois voltar e se desdizer já é um lugar comum, tamanha a frequência desses acontecimentos. Seria cômico se ele fosse comediante, mas é trágico porque é um homem com a responsabilidade de gerir os destinos de uma nação da magnitude e da complexidade do Brasil, com enormes disparidades regionais, sociais e políticas, além de diversidades culturais importantes.

Agindo assim, ele se credencia a entrar para a história do país como um tolo ou doidivano. Parece muitas vezes que ele gostaria de entrar para história como um ditador, uma vez que é um admirador da tortura. 
Ele disse que foi atleta e por isso a COVID para ele é uma gripezinha. Agora sai com essa, que “Esporte evita que jovem vá para a esquerda. ” Tolice (substantivo feminino, ato ou dito tolo, impensado; asneira, paspalhice, patetice; qualidade do que é tolo)!

O Esporte não evita nada! Não evita o consumo de drogas licitas e ilícitas, como sublinham muitos discursos no campo da saúde, não evita pobreza, nem preconceitos estruturais ou o obscurantismo cultural que algumas instituições querem nos fazer crer. A mídia tem mostrado casos de jovens ou grandes atletas que ao findar a carreira, por inúmeros motivos, tornam-se adictos ou consumidores de drogas para sublimar a realidade de suas vidas.

O Esporte é um processo de socialização, um modo de educação, inacabado, influenciado por elementos e circunstâncias externas ao sujeito que encontra nos acontecimentos pessoais e nas suas motivações internas a conjugação adequada para sua formação humana. Isso vale para crianças adolescentes e adultos de todas as idades. Nesse sentido, em si, o esporte não é de esquerda, nem de direita. Poderá ser aquilo que sua configuração sócio-histórica influenciar, caso o sujeito permita que assim seja. No Esporte o sujeito desenvolve a capacidade de ser solidário, colaborativo, respeitar o outro e a integrar-se com seus opostos e conviver com o diferente, ou não. Não há um determinismo. Talvez, diferente na política, como exceção à regra, no esporte podemos evitar que o incompetente vença uma corrida.

No espectro político, estar à esquerda ou à direita depende da subjetividade, do ponto de referência que analisamos determinada situação, que valores o sujeito compartilha com seus pares e que identidades constrói. Também interfere aprendizagens e o esclarecimento que se prolonga por toda a vida. Em síntese, os processos de emancipação do sujeito. 

Por outro lado, ao proferir a frase maldita, o dito cujo nem original é. Nos anos 70, a fim de retirar os jovens e a população do debate sobre as questões econômicas, sociais e políticas nacionais que lhes afligiam, entre eles a ditadura, os doutos cunharam uma frase com o mesmo sentido: “calção nele”, junto a uma foto de um menino de óculos sentado sobre o podium.

Que fazer? Mesmo com esse festival de asneiras, o governo do dito cujo se fortalece. Elegeu o presidente da Câmara, interferiu na eleição do presidente do Senado, tem 62 pedidos de impeachment no Congresso e parece que seus seguidores não descansam. Como vamos remover esse governo negacionista que nos assola? Talvez a  vacinação em massa poderá nos devolver às ruas e possamos gritar “ele não” ou aos moldes das “diretas já” “ Povo unido, jamais será vencido!