Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da manipulação do espaço (dimensão da quadra) de jogo reduzidos (JRs) na demanda física, fisiológica e perceptual em jovens jogadores de basquetebol. Doze jogadores da categoria sub19 (18,6 ± 0,5 anos, 88,8 ± 14,5 kg e 192,6 ± 6,5 cm) participaram voluntariamente do estudo. Todos os atletas realizaram os dois protocolos de JRs, em dias distintos (procedimento cross-over); a variável manipulada nos JRs foi o espaço de jogo (dimensão da quadra). No primeiro protocolo, o JR foi realizado em uma quadra com tamanho oficial (28x15m; JR28x15), e no segundo, em uma quadra com a largura reduzida, 28x9m (JR28x9). Os JRs foram realizados em uma dinâmica de 3x3 (3 jogadores em cada equipe), com 4 períodos de 4 minutos intercalados por 3 minutos de intervalo. Antes e após os JRs foram realizados os testes de sprints repetidos (TSR; 12 sprints de 20m com 20s de intervalo entre os sprints) e salto vertical (SV). Amostras de sangue para a análise da concentração de lactato [Lac] foram coletadas, a) antes do jogo (Pré-JR), b) imediatamente após o jogo (Pós-JR), c) depois do TSR após o JR (Pós-TSR-JR), e d) 30 minutos após o término do JR (Pós-30min). A frequência cardíaca (FC) foi registrada durante todo o jogo em ambos os protocolos e utilizada, posteriormente, para o cálculo do "impulso de treinamento" (TRIMP); 30 minutos após o término dos JRs os jogadores registraram a percepção subjetiva do esforço da sessão (PSE da sessão). Uma medida de carga interna de treinamento (CIT) foi gerada e registrada através do método da PSE da sessão. Para análise dos dados, utilizou-se uma ANOVA de medidas repetidas de dois fatores (Protocolos de JR x Momento) para avaliar o desempenho nos testes físicos, [Lac] e a FC medida em cada período de jogo e intervalos de recuperação. Para a análise da FC média, PSE da sessão, TRIMP e CIT foi utilizado um test t de student para amostras pareadas. O nível de significância foi estabelecido em 5%. O tamanho de efeito foi estimado através do d de Cohen. Não foram observadas diferenças do momento pré para pós, como também entre os protocolos de JR para as variáveis de desempenho dos testes físicos; a [Lac] apresentou um aumento do momento pré-JR para pós-JR, sem diferença estatística entre os protocolos. Foram observados valores médios de 88,1 ± 3,2% e 90,2 ± 3,1% para FC relativa (%FC pico), 97,3 ± 4,9 e 100,5 ± 7,8 UA para TRIMP, 171,9 ± 31,2 e 172,2 ± 29,2 UA para CIT, 7,2 ± 1,4 e 6,7 ± 1,3UA para a PSE da sessão e 5,4 ± 2,6 e 5,9 ± 2 mmol·l-1 para a [Lac] pós-JR (JR28x15 e JR28x9, respectivamente). Porém não foram observadas diferenças significantes entre os protocolos para nenhumas das medidas apresentadas. Os resultados do presente estudo indicam que: 1) a manipulação do espaço não acarreta em diferentes respostas psicofisiológicas; 2) a demanda induzida pelo JRs não foi suficiente para induzir uma queda na capacidade de desempenho de sprints repetidos e no salto vertical; 3) a demanda induzida pelo JR nos parâmetros psicofisiológicos foi similar aquela reportada para jogos oficiais