Resumo
A obesidade representa o maior fator de risco para o desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2, dislipidemia, esteatose hepática, doenças vasculares e alguns tipos de cânceres. Embora o aumento do tecido adiposo seja a principal característica da obesidade, nem todo depósito de gordura é prejudicial. Isso se deve ao fato do tecido adiposo ser subdividido em dois tipos: branco e marrom, os quais apresentam características bem distintas. O tecido adiposo branco estoca energia na forma de triglicerídeos, produz a secreção de vários tipos de citocinas inflamatórias e o seu aumento está associado a um estado inflamatório subclínico do organismo. Já o tecido adiposo marrom é especializado na dissipação da energia em forma de calor, estudos vêm mostrando a sua associação com a melhora da resistência à insulina e menor índice de massa corporal, por isso, o seu aumento pode ser potencial alvo para o tratamento de síndromes metabólicas. Paralelamente, estudos comprovaram que o exercício físico, quando praticado de forma crônica, pode exercer importante efeito anti-inflamatório nos obesos. Este efeito está associado à redução da massa de tecido adiposo branco e estudos comprovaram que o exercício também é capaz de promover o aumento da massa do tecido adiposo marrom. No entanto, ainda não está claro quais os mecanismos envolvidos para tais benefícios. Diante disso, o objetivo do nosso trabalho foi avaliar o efeito profilático do exercício crônico sobre a massa do tecido adiposo (branco e marrom), marcadores inflamatórios e resistência à insulina em ratos alimentados com dieta hiperlipídica. Além de verificar os mecanismos pelos quais o exercício é capaz de aumentar a atividade termogênica do tecido adiposo marrom. Para isso, utilizamos ratos Wistar, divididos em 3 grupos: animais alimentados com dieta padrão para roedores (CTL), animais alimentados com dieta hiperlipídica (HFD) e animais alimentados com dieta hiperlipídica e submetidos ao treinamento de natação (EXE). O protocolo de treinamento utilizado foi de 8 semanas. Nossos resultados mostraram que o exercício crônico de 8 semanas foi capaz de atenuar o desenvolvimento da massa de gordura e a expressão das proteínas de formação do tecido adiposo branco (TAB); apresentou efeito protetor contra a intolerância à glicose e RI. Fora também observado a redução dos circulantes de LPS, TNF-α e AGLs, além da expressão das serinas quinases JNK E IKK. Além disso, os dados demonstram ainda o efeito positivo do exercício na via de sinalização da insulina; aumento da massa do tecido adiposo marrom (TAM) e da expressão de proteínas envolvidas no processo de termogênese. Por último, verificamos que o exercício crônico foi capaz de atenuar a infiltração de macrófagos no TAM e promover maior polarização de macrófagos do tipo M2 no TAM. A partir dessas análises, podemos entender em parte que o exercício físico, quando aplicado antes do estabelecimento da obesidade, é capaz de atenuar o quadro de resistência à insulina e os efeitos deletérios da inflamação causada pela dieta hiperlipídica. Além de contribuir para a maior atividade do TAM através de um mecanismo orquestrado pela ativação alternativa de macrófagos.