Resumo

A obesidade, epidemia do século XXI, é caracterizada pelo excesso e acúmulo de tecido adiposo, o que pode ser uma consequência natural do aumento na ingestão alimentar e diminuição do dispêndio energético. Alterações no metabolismo comuns na obesidade, como hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão e resistência à insulina podem promover estresse oxidativo, que é caracterizado por um desequilíbrio no estado redox, com excesso de radicais livres. As consequências do estresse oxidativo incluem e peroxidação lipídica que promove danos a membrana celular podendo induzir processos apoptóticos. O estresse oxidativo também pode resultar no aumento de citocinas inflamatórias que induzem apoptose e atrofia muscular. Uma estratégia eficaz na prevenção e tratamento da obesidade é o exercício físico, que também promove adapatações no sistema antioxidante reduzindo o estresse oxidativo. Visando reduzir o tempo dedicado a atividade física com a manutenção de seus benefícios, o Exercício Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) emergiu como uma alternativa tempo-eficiente e promotor de benefícios similares aos gerados pelo exercício aeróbio continuo. Contudo, os benefícios do HIIT em um modelo de obesidade ainda não foram caracterizados. Neste trabalho avaliamos o perfil oxidativo e os processos de síntese e degradação de proteínas em animais obesos usando um protocolo de HIIT realizado em meio aquático, que é um exercício de baixo impacto utilizado como alternativa para indivíduos obesos. Ratos Wistar machos foram divididos em 4 grupos (15 animais/grupo): Dieta Normal Sedentário (DNS), Dieta Normal Exercitado (DNE), Dieta de Cafeteria Sedentário (DCS) e Dieta de Cafeteria Exercitado (DCE). Por 12 semanas os animais foram submetidos a dieta e após este período foi iniciado o treinamento, que durou 8 semanas. O tempo máximo de nado (TMN) foi avaliado para determinar a performance dos animais. Os animais foram sacrificados 48 horas após a última sessão de treinamento para obtenção de plasma, eritrócito, tecido hepático e muscular. Foram feitas análises de indicadores de peroxidação lipídica e dano celular, agentes antioxidantes, e verificação dos processos de síntese e degradação de proteínas. Os grupos treinados aumentaram a performance no TMN. O HIIT reduziu a massa corporal total (MCT), gordura abdominal, peso do fígado e glicemia no grupo DCE. No plasma foram observados maiores níveis de TBARS, proteína carbonilada e TGO nos grupos DCS e DCE. A capacidade antioxidante total (CAOT) desses grupos foi reduzida, porém a atividade da catalase (CAT) e glutationas (GSH e GSSG) não apresentou alterações. A atividade da superóxido dismutase (SOD) foi maior no grupo DCS. A nível hepático foi observada redução do conteúdo de proteína carbonilada, aumento do ácido úrico e atividade da SOD no grupo DCE. Ambos, DCS e DCE apresentaram maior CAOT e menores níveis de GSH e GSSG. Não houve diferença da CAT. Apenas o grupo DNE apresentou menor expressão de NRF-2 e não houve diferença significativa nas proteínas p-AMPK, AMPK e p-FoxO. Com base nos resultados podemos concluir que os animais tratados com dieta de cafeteria estão sofrendo efeitos deletérios relativos a dieta a nível tecidual, confirmado pelas alterações apresentadas pelo tecido hepático. O HIIT é uma alternativa de exercício tempo-eficiente para promover a perda de peso. Os efeitos do HIIT são tecido específicos para os marcadores de estresse oxidativo, visto que o mesmo não foi capaz de reduzir o estresse oxidativo a nível sistêmico, porém reduziu o estresse oxidativo a nível hepático. Nem o HIIT, nem a dieta modularam os processos de síntese e degradação de proteínas.

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