Resumo
Neste estudo investigamos como o ensino em valores tem sido proposto para a Educação Física escolar a partir de documentos curriculares vinculados às Secretarias Estaduais de Educação no território brasileiro, elaborados entre 1996 e 2016. Desse modo, organizamos três capítulos que dialogam entre si e que possuem uma abordagem plurimetodológica qualitativa/quantitativa. No primeiro capítulo, produzimos um levantamento dos documentos curriculares, apresentando e analisando suas características de elaboração e implementação. Ao alcançar 68 documentos, demos visibilidade à procedência anual e territorial, as etapas da educação que se direcionam, seus conteúdos, suas nomenclaturas, além de seus aspectos autorais e de implementação. No segundo capítulo, a partir do que foi proposto para a Educação Física nesses materiais, enunciamos suas intencionalidades quanto ao ensino em valores a partir da indicação das terminologias empregadas para esse ensino e o lugar em que ele aparece no currículo. Além disso, com o auxílio do software Iramuteq, após selecionar frases associadas aos valores, destacamos os vocábulos mais recorrentes, os classificando por meio da nuvem de palavras e análise de similitude. No terceiro capítulo, do total de documentos, analisamos aqueles que, além de apresentarem conteúdos destinados às aulas de Educação Física, forneceram possibilidades de seu ensino via prescrições didáticas, materializadas em aulas, temas, projetos e atividades, por exemplo. Por meio desses documentos, expomos os tipos de prescrições didáticas existentes e problematizamos como foram orientadas/organizadas as sistematizações para o ensino em valores. Os dados evidenciaram um crescente investimento em políticas públicas na produção desse tipo de material, em especial a partir da segunda metade da década de 2000. Quanto aos valores, verificamos que esses currículos expressam seu ensino sobretudo pelos termos valores e atitudes, conteúdo atitudinal e por expressões associadas com a afetividade, materializados em especial nas competências e habilidades. Por fim, quanto à sua sistematização, observamos um destaque para o ensino em valores que leva mais em consideração a verbalização, atribuindo pouca ênfase na experiência corporal dos sujeitos.