Resumo

A presente tese construiu sua trajetória de reflexão tendo como foco geral o Ensino Técnico no Brasil, dividindo-se em duas partes principais. Na primeira parte da tese, a pesquisa concentrou-se na discussão de um importante deslocamento ocorrido a partir do final da década de 1990, o qual ensejou a constituição do ensino profissionalizante no país, tendo como culminação a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), que suplantou o antigo ensino profissional. A pergunta que orientou a pesquisa sobre a constituição do Ensino Técnico no Brasil, sobretudo nas últimas décadas, resultou em dois eixos de análise. Um primeiro, relacionado à criação e desenvolvimento do Ensino Técnico desde o período colonial até os anos de 1970. E um segundo e mais importante, a respeito das reformulações educacionais dos anos de 1990 até os dias de hoje. A problematização das políticas educacionais que reformularam o Ensino Técnico e criaram os IFs foi orientada por algumas teorizações do filósofo francês Michel Foucault, sobretudo aquelas relativas à sua análise do neoliberalismo, da governamentalidade e da biopolítica. Tratava-se nesta primeira parte da tese, de mostrar como a criação do ensino profissionalizante e dos IFs vincula-se às novas lógicas de produção de corpos e subjetividades, orientando-se por noções como empreendedorismo, mercado de trabalho competitivo, felicidade, formação permanente, dentre outras, as quais fazem dos próprios alunos-técnicos os responsáveis pelo sucesso e integração de suas vidas na sociedade competitiva. Na segunda parte da tese, formula-se uma cartografia que procura mapear as possibilidades de resistência à lógica neoliberal, no interior mesmo do ensino profissionalizante levado a cabo nos IFs, sobretudo por meio da disciplina de Educação Física. Ao longo do trabalho, a disciplina de Educação Física constituiu-se em eixo central de pesquisa, pois tratava-se de analisar em que medida ela contribui para a formação de corpos e subjetividades aprisionados em teias de poder-saber, ao mesmo tempo em que tal disciplina também parece abrir brechas para práticas de resistência, sobretudo em relação à lógica neoliberal que presidiu à reformulação do Ensino Técnico no país.

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