Resumo
O esporte na sociedade contemporânea se constitui como uma prática valorizada pautada em tradições, valores e excelências. Esse conjunto de características é próprio de um sistema ético e moral. Pierre de Coubertin, ao criar os Jogos Olímpicos da Era Moderna, pensou o esporte como uma filosofia de vida, o Olimpismo, que exalta e combina, em equilíbrio, as qualidades do corpo, da mente e da alma. O esporte, como fio condutor das relações interpessoais, poderia, de certa forma, expor valores e comportamentos significativos, constitutivos de uma identidade cultural, fornecendo um contexto de potencial educativo, bem como uma plataforma de atitudes éticas e de valores indispensáveis à vida social e individual. Disso surgem os valores olímpicos, entendidos como valores humanos, (amizade, coragem, respeito, excelência, inspiração, determinação e igualdade) que podem ser um meio de reforçar a identidade pessoal e fortalecer a capacidade de alcançar objetivos por meio do esporte. O objetivo deste trabalho é discutir a compreensão que atletas olímpicos brasileiros têm dos chamados valores olímpicos, entendendo estes como virtudes morais. Para tanto, serão analisadas as histórias de vida de dez atletas olímpicos, situando-os em momentos históricos distintos: 1948-1984 (fase do amadorismo); 1988-2016 (fase do profissionalismo). Os atletas procuraram expor o seu conceito sobre cada valor e suas narrativas convergiram para os mesmos entendimentos, muito embora, os atletas da fase do profissionalismo deram uma ênfase maior a questões relacionadas com a competitividade e perfeccionismo, possivelmente fruto do ambiente em que a concorrência e os níveis de excelência exigidos são determinantes para o sucesso em suas carreiras atléticas. Desse modo, é possível afirmar que os valores não foram alterados com a mudança do amadorismo para o profissionalismo, mas revalorizados em função das transformações na sociedade contemporânea