Resumo

A Governança Corporativa é baseada na premissa de conflitos de interesse (JENSEN; MECKLING, 1976), influenciando no processo decisório da administração (MENDONÇA et al., 2013), contribuindo para minimizar possíveis assimetrias informacionais entre os gestores e demais stakeholders interessados nos resultados da empresa. Boa parte dos estudos mensura a estrutura de governança e seu desempenho em empresas de grande porte no mercado. Em contrapartida, estudos voltados para entidades esportivas ainda são relativamente reduzidos, sendo uma lacuna a questão da governança corporativa nos esportes (FERKINS; SHILBURY, 2012). É assim uma necessidade se compreender como os mecanismos de governança atuam nestas entidades (FERKINS; SHILBURY; MCDONALD, 2009; FERKINS; MCDONALD; SHILBURY, 2010), influenciando a posteriori em sua gestão e controle. Neste estudo, foram observados também, mecanismos de governança que se baseiam em relacionamentos complexos, conhecidos como Governança Colaborativa (HUXHAM, 2000; BERTELS; VREDENBURG, 2004; TODEVA, 2010). E a Teoria dos Stakeholders (FREEMAN; REED, 1983; FRIEDMAN; MILES, 2002; FREEMAN, 1984), que foi essencial para entender como os stakeholders envolvem-se na gestão e no controle das entidades esportivas. Dessa forma, a questão de pesquisa que norteou este estudo foi: Como ocorre o envolvimento da governança corporativa, sob a ótica dos stakeholders, na gestão e no controle das entidades esportivas? Surge assim, o objetivo da pesquisa que foi: analisar o envolvimento da governança corporativa, sob a ótica dos stakeholders, na gestão e no controle das entidades esportivas. Neste panorama, para se responder a questão de pesquisa, metodologicamente, a amostra deste estudo foi composta por quatro Confederações e quatro Federações esportivas do Brasil, dos seguintes segmentos do esporte: Atletismo, Futebol de Salão, Judô, Tênis de Mesa, Voleibol. Com isso, utilizou-se o método de estudo de caso múltiplo (YIN, 2005). Foram realizadas 13 entrevistas, sendo que, com seis presidentes e sete dirigentes. Além disso, foi realizada observação não participante e análise documental (estatutos e/ou atas) disponibilizados pelas entidades esportivas estudas, em seus respectivos sites. Foi utilizada a análise de conteúdo (BARDIN, 2004), para descrever, categorizar e analisar os dados. E para melhor analisar os dados, gerando assim informações, usou-se a análise intra-casos e a posteriori inter-casos, de acordo com sugestão de (MILES; HUBERMAN, 1994). Emergem a seguir, os principais resultados desta Tese: os dirigentes têm um pensamento similar no que tange ao entendimento deles sobre o que é a governança corporativa; observou-se que os princípios que balizam as boas práticas de governança se aplicam e são relevantes nas revistas entidades esportivas analisadas, sendo que, os princípios da transparência e prestação de contas foram os mais realçados; constatou-se também que tais princípios influenciam diretamente na gestão e no controle destas entidades. No que tange aos seus stakeholders, o relacionamento das entidades com seus respectivos stakeholders costuma ser satisfatório e bom, sobretudo, com o governo, clubes e atletas; em relação ao impacto destes stakeholders na governança corporativa, identificou-se que os internos têm maior alcance do que os externos, porém, quando se inverte, ou seja, quando se analisa a influência que a governança corporativa tem nos stakeholders, ressalta-se a unanimidade dos entrevistados ao afirmarem e corroborarem que há influência positiva das boas práticas de governança nos stakeholders, sendo preponderante esta influência, até para a própria continuidade da entidade. Diante do exposto, realça-se que esta Tese buscou entender melhor o envolvimento que a governança corporativa, por meio de seus princípios, tem na gestão e controle das entidades esportivas. Neste contexto, buscou assim conferir maior entendimento e transparência sobre os constructos estudados aqui, tentando com isso, gerar, evoluir, fomentar, disseminar, socializar e criar consequentemente grupos de pesquisa sobre governança corporativa nos esportes, otimizando a posteriori este assunto que atualmente ainda não atingiu sua fase de maturidade.

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