Resumo
O esporte é uma manifestação cultural fortemente presente na vida dos indivíduos e importante para a economia capitalista. Ele mobiliza e é mobilizado por uma cadeia produtiva que contribuiu para a lógica expansiva do capital. No fenômeno esportivo estão presentes os elementos constitutivos desse modo de produção, assim como suas contradições e os germes de sua superação. Torna-se necessário, portanto, compreender o esporte em suas múltiplas determinações para que vislumbremos as possibilidades e os limites de sua contribuição à efetiva transformação social. O objetivo geral deste trabalho é analisar as tendências de desenvolvimento do esporte, suas principais características, críticas e contradições referentes ao fenômeno esportivo como uma das possibilidades de expansão do capital e suas implicações para a Educação Física. Adotamos como procedimento de pesquisa os estudos bibliográficos e documentais. Destacamos que o esporte se originou na Inglaterra do século XVIII, em meio ao processo de consolidação da sociedade capitalista, instituiu-se, desenvolveu-se e se expandiu para os demais países do mundo, juntamente com o progresso do capital; também enfrentou resistências de movimentos contrários à lógica burguesa de organização das práticas corporais, porém se constituiu como a expressão hegemônica da cultura corporal. Nesse processo de expansão capitalista, o esporte se estabeleceu como mercadoria e constituiu-se como uma cadeia produtiva que envolve, na atualidade, os mais diversos e específicos segmentos produtivos. Identificamos os megaeventos esportivos como importante manifestação social para a acumulação de capital. Essa identificação deu-se, principalmente, na apreensão de alguns conceitos, em Harvey, tais como: renda monopolista e capital simbólico coletivo. Percebemos atualmente o controle de fortíssimas empresas, como a FIFA, em megaeventos esportivos e o potencial diferenciador de localidades como condição capaz de atrair investimentos capitalistas. A escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 incide sobre seu potencial de capital simbólico coletivo. Outro aspecto que percebemos é a eficácia do esporte no processo de acumulação de capital, exaltando a paz entre as nações e a harmonia entre as classes, assim como se identifica, no ensino do esporte, nas aulas de Educação Física, a necessidade de aprimoramento da essência do fenômeno esportivo. Atualmente tende a se consolidar uma interligação nos seguintes âmbitos: entre esporte e estratégias de expansão capitalista; entre esporte (principalmente o transmitido pela mídia) e a influência no ensino esportivo na escola; entre valores capitalistas e ensino de esportes na escola. Esse movimento ocorre por duas perspectivas: pela esportivização das práticas corporais e pela ausência de conteúdos nas aulas de Educação Física, ou seja, pela negação da cultura corporal.