Integra
Quando os Jogos olímpicos da Era Modera tiveram início, ainda no final do Século XIX, o mundo vivia a realidade da presença. Digo isso porque diante da irrealidade proporcionada pelos meios digitais no contemporâneo, tudo parece poder ser criado, realizado ou disfarçado a depender do desejo e do acesso à tecnologia que o interessado tenha.
Se falo de uma “realidade da presença” é porque as práticas esportivas dependiam diretamente do espaço ocupado para essa finalidade, dos atletas – razão de ser do esporte – e do público. O tripé das origens do esporte – atleta, público, espaço – aponta para uma relação de causa e efeito com as condições sociais e materiais da época, que acompanharão proximamente o movimento olímpico nos tempos futuros.
Dito isso tentarei aqui apontar para o que vejo da relação entre a popularização do esporte, e mais especificamente dos Jogos Olímpicos, e o desenvolvimento dos meios de comunicação. Para quem vive a aceleração do tempo presente é difícil imaginar como era o mundo quando a notícia chegava por telex, um aparelho jurássico, do tamanho de uma mesa de jantar de uma família numerosa, que produzia o ruído de uma fábrica quando alguma novidade vinda do continente europeu chegava trazida por cabos submersos no Oceano Atlântico. Tudo era muito concreto. Nada de sinal, radares, satélites, ondas, fibras que levam à virtualidade que, sem pedir licença, invadiu a nossa vida, sem chance de retorno.