Resumo
Alguns projetos desenvolvidos no âmbito do esporte têm se destacado por apresentarem modelos inovadores. No Brasil, o Projeto Grael, idealizado em 1996, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, pautou-se pela idéia de criar projetos esportivos usando os nomes famosos da cidade, como estratégia para atrair crianças da rede pública municipal de ensino. Este estudo focaliza o Projeto Grael e suas relações com o governo, com a empresa e com a universidade. O estudo tem como objetivo geral promover a reflexão sobre o papel do esporte no desenvolvimento de regiões, a partir do modelo teórico da hélice tríplice, descrevendo as diferentes percepções dos diversos atores pertencentes ao processo, e dos mecanismos que possibilitam a implementação de ações que incentivem o desenvolvimento local. A intenção desse trabalho é mostrar a interface que o esporte adquire na construção de ações de desenvolvimento e dar visibilidade as ações empreendidas pelo Projeto Grael, contribuindo com a reflexão científica sobre a contribuição do esporte para o desenvolvimento local. Trata-se de um estudo exploratório, de natureza qualitativa. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: grupo focal, entrevista semi-estruturada e observação participante. Os dados coletados apontam que o Projeto Grael tem na Prefeitura de Niterói sua grande âncora, apesar de existirem empresas patrocinadoras. A ação das empresas, basicamente, refere-se ao patrocínio. Verifica-se a necessidade de uma participação mais próxima, principalmente, quanto às possibilidades de abertura de oportunidades no mercado de trabalho para os jovens egressos do projeto. A universidade participa de forma tímida. De acordo com os relatos, apenas a Universidade Federal Fluminense mantém uma interação na esfera do ensino. A geração do conhecimento provém do Instituto Náutico e do saber tácito trazido pelos colaboradores. Constatou-se que as atividades esportivas existentes no Grael conjugam-se com o anseio dos pais e contribui no processo de inclusão social das crianças e dos adolescentes. Há necessidade, no entanto, de investimentos na infraestrutura. Diretoria e funcionários da instituição têm conhecimento do impacto dessas atividades na melhoria da qualidade de vida, educação e socialização do seu público-alvo. Na perspectiva do modelo da hélice tríplice, as universidades, governos e empresas devem repensar a forma de atuação e criar um canal de diálogo mais eficaz com os demais segmentos da sociedade. Ressalta-se, portanto, a necessidade de intensificar as iniciativas para que se alcance essa conjugação entre essas diversas esferas.
