Resumo

Memoria do Esporte no Maranhão - o Futebol, e sua introdução na cidade de São Luis, capitulo do curso de formação de treinadores de futebol, 2016, ministrado por leopoldo Gil Dulcio vaz

Integra

O ESPORTE NO MARANHÃO

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

 

Desde o período colonial já se praticavam algumas formas de atividades físicas em Maranhão. Em 1678, quando da chegada do primeiro bispo ao Maranhão, houve cavalhadas (VAZ, 1992; 1993).

CÂMARA CASCUDO (1972) registra o termo "cavalhada" referindo-se a desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas. Essas atividades esportivas eram produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português -, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989; VAZ, 1995; 1996) 

Essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas  das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO, 1974).

"Além dos encamisados, jogaram, decerto, a cana e a argolinha", informa LOPES (1975). A argolinha é encontrada desde o século XV em Portugal e, de acordo com GRIFI (1989), a corrida "dall'anello" consistia de corrida a cavalo, lançado a galope, durante as quais os cavaleiros deviam enfiar a lança ou a espada em um arco suspenso. Vencia quem conseguia enfiar o maior número de arcos. Originária de antiquíssima justa, desde o século XVI que se corre a argolinha no Brasil

Já no século XIX (VAZ e VAZ, 1995; 1995b; 1997), é encontrada nas memórias de DUNSHE DE ABRANCHES (1970) algumas atividades físicas praticadas naquele início de século. Esse escritor descreve como eram passados os dias pelas “gentes de bem”, ao relatar um passeio ao sítio de seu avô:

[...] as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos. [...] Garcia de Abranches, o Censor, pai de Frederico Magno de Abranches e avô de Dunshee de Abranches] tinha a paixão da caça; e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas. [...] Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, [Frederico Magno de Abranches] trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes.  Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda. (p. 28).

 

Os longos passeios pelos arrabaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, recomendava-se sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo.

Ainda se referindo ao Fidalgote, como era conhecido Frederico Magno de Abranches, seu sobrinho relembra que

[...] Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla de que o Fidalgote era perfeito campeão ]...] (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p. 31).

 

O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.

Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos.

Outro escritor maranhense - Aluísio Azevedo -, ao traçar o perfil da mulher maranhense, e sua condição de mulher em uma sociedade escravocrata, pregava mudanças em sua educação (VAZ e VAZ, 2000), sendo necessário dar-lhe uma educação sólida e moderna, uma:

[...] educação positivista, que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente, prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma boa cidadã; torná-la consciente de seus deveres domésticos e sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a diásteses nervosa como fonte de mil desgraças, dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar [...]. (Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880).

Ainda DUNSHEE DE ABRANCHES (1941), em suas memórias, ao falar do Clube dos Mortos, informa que este se se reunia no porão da casa dos seus pais e  como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, "os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos" (p. 187).

Em Maranhão, antes de iniciado o futebol, o tênis, o atletismo, o crickt, (VAZ, 2000; 2000b, 2000c), outras atividades faziam parte do divertimento da mocidade, sendo difundida a capoeira, o hipodrismo, a esgrimagem, o bilhar e houve algumas tentativas para a implantação das regatas (MARTINS, 1989).

         Esse autor aceita a capoeira como o primeiro esporte praticado em Maranhão, tendo encontrado referência à sua prática  com cunho competitivo por volta de 1877. Considera que tenha sido praticada antes, trazida pelos escravos bandu-angoleses. Fugitivos, os negros a utilizavam como meio de defesa, exercitando-se na prática da capoeira para apurarem a forma física, ganhando agilidade. Conhecida no sul de Angola pelo nome de "n'golo", no norte recebia a denominação de "busula", sendo muito difundida em Luanda, passando de um cerimonial mágico-religioso, a uma forma de defesa. Impedido de portar armas, só restava ao escravo fugitivo adestra-se na prática do ritual, para escapar das agressões do branco, e à captura e buscar a liberdade.

Domingos VIEIRA FILHO (1971), ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:

A esse respeito em 1855 um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís. (VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).

O famoso Canto-Pequeno, situado na rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. VIEIRA FILHO (1971) afirma que ali, alguns domingos antes do carnaval costumava um magote de pretos se reunir em atordoada medonha, a ponto de em 1863 um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato.

O público tomou conhecimento de um acontecimento esportivo a 10 de janeiro de 1877, através do Diário do Maranhão:

JOGO DA CAPOEIRA

Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeira, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes. (MARTINS, 1989, p. 179) 

A capoeira foi duramente reprimida quando da Proclamação da República, pois no Código Penal Brasileiro - Decreto no. 487, de 11 de outubro de 1890, em seu capítulo XII, artigo 402, era tratado da ação dos 'vadios' e 'capoeiras.

Já a burguesia, praticava a ginástica sueca para manter-se em forma.         

           O "hipodrismo" é identificado por Dejard Martins como um "esporte praticado em recinto fechado, apropriado para corridas a cavalo, conduzidos ou de carros puxados por esse animais" (p. 193). Localiza a origem do termo na Grécia.

Hipodrismo e Equitação integram a mesma família. No hipodrismo, o cavalo é dirigido para correr; na equitação, quem promove a ação é o animal, que é estimulado pelo condutor para a prática de exercícios programados e coordenados. (p. 194)

O hipodrismo começou em São Luís por iniciativa do inglês Septimus Summer, contando com a adesão de várias figuras representativas da cidade: Franklin Antônio de Abreu, Raimundo Coelho da Cunha Mateus, Joaquim Ribeiro, Manoel Jansen Pereira, Adriano Archer da Silva, e Cândido  César da Silva Rios, que resolveram criar um hipódromo, fundando o "Horses Race's Club" - Clube dos Cavalos de Raça -, advindo daí o "Racing Club Maranhense".Diário do Maranhão - 9 de agosto de 1881

Localizado no antigo Campo do Ourique, o terreno era espaçoso e apropriado, com o Quartel do 5º Batalhão de Infantaria à sua frente. Foi fundado em 4 de setembro de 1881, com grandes festividades:

O dia da abertura do hipódromo foi um acontecimento contagiante. Queimaram-se fogos de artifícios, Nesse empreendimento saiu vencedor o cavalo 'Ouro Preto", um animal montado pelo 'jockey' José Antônio Rodrigues, que se identificava pelo vistoso uniforme nas cores rosa e azul (...) o segundo colocado ficou com 'Sinimbu', de cor 'melado cachito', montado pelo 'jockey' Ataliba Soares, que se trajou com uma indumentária rósea.

"'Ouro Preto' era um belíssimo animal, fogoso, veloz, muito bem tratado, orgulho de seu proprietário, o Visconde do Itaqui do Norte, Djalma Moreira, residente nas proximidades do Hipódromo do Racing Club Maranhense. O outro cavalo pertencia a Vitorino José Rodrigues. (MARTINS, 1989, p. 196)  

O Racing Club Maranhense organizou-se em forma de sociedade, sendo deliberado que não teria mais que cem sócios. Desde a corrida inaugural, reunindo os associados, caberia ao vencedor um prêmio substancial, de cem contos de réis.

Os sócios participantes deveriam trajar-se como requeria a um "jockey": na apresentação, o disputante dizia o seu nome, para conhecimento das autoridades e do público presente, exibindo as cores de sua indumentária, bem assim como dava o nome do cavalo que montava. Poderiam, também, participar não-associados, nas chamadas "corridas públicas", sendo que estes não ficavam obrigados a usar os uniformes apropriados, como reclamavam as corridas oficiais, mas não se permitindo aos "jockeys" tomarem parte se não estivessem devidamente trajados. Estavam sujeitos, no mais, às mesmas formalidades de apresentação, para poderem concorrer com seus animais. 

Depois do inquestionável êxito da inauguração do hipódromo, os organizadores se encorajaram a realizar outras provas, sucedendo-se várias e movimentadas jornadas no Campo d' Ourique, sempre aos domingos.

Devido ao êxito, e à grande afluência do público, e para atender a alguns reclames, foram promovidas algumas alterações nos Estatutos, passando a associação a ser limitada e partilhada entre dez associados, responsáveis por tão arrojado empreendimento.

Na segunda disputa ocorrida no hipódromo, já se constatavam algumas alterações. Tudo havia sido providenciado por Septimus Sumner e o secretário da entidade, José Rodrigues Lopes Júnior: a cidade despertou, uma vez mais, com música e fogos, os interessados fizeram suas inscrições para as disputas até as 12 horas do Sábado, no Bazar Inglês, a ordem das corridas estava rigorosamente perfeita, os "jockeys" foram sorteados em pares, os espectadores estavam alertados que não poderiam atravessar o circo durante as disputas, exceto os membros da comissão, e os criados do hipódromo, estes identificados pelos barretes vermelhos

Na passagem do século XIX para o século XX, os jovens portadores de "idéias novas", gente vinda do meio metropolitano, inquieta e formada nele (KOWALSKI, 2000 [1]). Em Maranhão, encontramos Nhosinho Santos - que estudara na Inglaterra; Aluísio Azevedo - cônsul brasileiro em Europa, Japão, e o cônsul inglês Charles Clissold - que introduzem o esporte moderno em São Luís, com a fundação de clubes esportivos.

Em 1900, os "sportmen" maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva - remo -, utilizando-se dos rios Anil e Bacanga. Alexandre Collares Moreira Nina funda o "Clube de Regatas Maranhense", instalado na rua do Sol, 36. Manoel Moreira Nina foi seu primeiro presidente. Essa iniciativa também foi efêmera. Os primeiros passos foram dados, para colocar as coisas no rumo certo, mas faltaram recursos para aquisição das embarcações apropriadas e também faltou apoio do comércio e das autoridades constituídas.

A 13 de setembro de 1908 - oito anos mais tarde - voltou-se a falar na implantação do remo, chegando a ser organizada uma competição, envolvendo duas equipes que guarneciam os escaleres "Pery" e "Continental". Essas atividades, realizadas no rio Anil, começam a se tornar hábito das manhãs de Domingo e feriados, contando com uma boa afluência de público.

Ainda nesse ano de 1900, outra modalidade começa a ganhar força em Maranhão: a 02 de setembro, eram iniciadas as atividades da "União Velocipédica Maranhense", com seu velódromo instalado no Tívoli - Bairro dos Remédios, no local onde era o Colégio de São Luís, até pouco tempo -. O ciclismo, que se iniciava em São Luís, era, além de lazer:

“... um esplêndido exercício na educação dos músculos; a ginástica e a esgrimagem, um meio excepcional para desenvolver todo o corpo de forma racional e completa. Tudo isso era muito importante, e até era um princípio filosófico, porque ensejaria a formação do um corpo bem desenvolvido, proporcional e harmonioso.

"Para isso, antes de dedicar-se a qualquer gênero de esporte, dever-se-ia procurar educar e desenvolver, por meio de um método de ginástica racional, de um prepara preliminar metódico, os músculos, de cuja rapidez, pujança, resistência e rigidez, um bom atleta não podia prescindir...". (MARTINS, 1989, p. 229-30).

Passada essa primeira fase e o apego à difusão do "esporte do pedal", a bicicleta, deixou de ser utilizada para a competição, tornando-se uma forma de lazer, pois possuir uma “máquina" era tarefa afeita às pessoas de boa situação econômica. Em 1929, eclodiu novo movimento renovador de uso da bicicleta em competição, sob a responsabilidade dos esportistas Zairi Moreira, Carlos Cunha e Menandro Gonçalves, com a criação do "Velo Club". Chegaram a promover alguns treinamentos, inscreveram associados, e promoveram algumas provas isoladas, como a corrida de 7 de setembro de 1929, como parte das comemorações da Independência.

           De acordo com MARTINS, só se voltou a tomar conhecimento do uso da bicicleta como esporte de competição, com o Ciclo Moto Clube de São Luís.

Embora MARTINS (1989) refira-se que o jogo do bilhar tenha sido introduzido em 1902, por Lino Moreira em seu Bar Richie, Dunshee de ABRANCHES (1941), lembra em suas memórias que o Velho Figueiredo, o decano dos fígaros de São Luís, mantinha em sua barbearia - a princípio na rua Formosa e depois mudada para o Largo do Carmo - um bilhar, onde se reuniam os "meninos do Liceu" depois das aulas.

Antes disso, e desde 1836, na botica do padre Tezinho, no largo do Carmo, já havia um bilhar francês (VIEIRA FILHO, 1971). A botica do padre Tezinho de há muito funcionava em São Luís. Garcia de ABRANCHES (1980 [2]) anunciava, em 1826,  que os números anteriores de "O Censor" poderiam ser adquiridos naquele estabelecimento.

DUNSHEE DE ABRANCHES (1970) em seu festejado “a Setembrada” refere-se à Botica desse Padre, relatando as reunião que ocorriam - como era de hábito - à porta dessa botica, como a ocorrida na noite de seis de setembro de 1822.

É o Censor [3] - Garcia de Abranches - que relata a existência de outro bilhar, quando de um passeio por São Luís do Maranhão, ao retornar do exílio a que fora submetido:

“Depois de examinar outros edifícios novos e bem formados, também de puças, que aquella praça goarnecem; voltei pela praia grande, e quaze o fundo da calçada divizei noutra rua sobre o lado esquerdo huma formoza caza de cantaria fina com uma larga baranda na frente em mea lua ao gosto da Corte, que me dissero ser de Faustino Antônio da Rocha, e que havia ganhado o jogo aquelle chão a hum herdeiro lá das Perguiças, o que  eu não pude crer; e que ainda conservava hum bilhar e hum botequim de que elle se não desprezava, por não ser tolo, e que também era puça, e que não uzava de vara e covado por pertencer á classe de liquidos..." .[4]

Em dezembro de 1904, era fundado, em São Luís, o Clube Euterpe Maranhense, funcionando, a princípio no Palacete que pertenceu ao comendador Leite - pai de Benedito Leite -, na Rua Formosa - onde por muitos anos funcionou a redação de "O Imparcial". Idealizado por um grupo de jovens de nossa melhor sociedade, tinha como dirigente máximo Paulino Lopes de Sousa, contando, ainda, com a participação de Altino Quarto de Mourão Rego (sic), Orfila Machado Cavalcanti, Pedro Leão Viana e Joaquim Alves Júnior. Como esporte, jogava-se o bilhar, pois o clube dispunha de um magnífico salão de recreação, com os apetrechos adquiridos na França. Realizavam-se torneios, que monopolizavam a juventude, destacando-se os irmãos Artur e Adolfo Paraíso, João Neves.

           O "Café Richie" se constituiu em outro centro de difusão do bilhar, o que justifica a existência de "bons de taco" nos clubes depois fundados. Localizado no Largo do Carmo esquina com o Beco da Pacotilha, Lino Moreira, seu proprietário - cunhado do governador Newton de Barros Belo - promovia reuniões de caráter esportivo, sempre com início às 18 horas, estendendo-se até às 22.

Nesse início da década de 10, desaparece o hábito de repousar nos fins de semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. Essas atividades, divulgadas pelos jornais, começaria a apresentar seus primeiros sinais de mudança ainda nas últimas décadas do século XIX, com o surgimento e fortalecimento gradual dos esportes:

"É nessa conjuntura que adquirem um efeito sinergético, que compõem uma rede interativa de experiências centrais no contexto social e cultural, como fonte de uma nova identidade e de um novo estilo de vida

"Os 'Clubs' que centralizam essas atividades surgem como modelos da elite no final do século XIX, e já no final da década de 10 e início de 20, estão difundidos pelos bairros, periferia, várzeas e se tornam um desdobramento natural das próprias reuniões sociais". (KOWALSKI, 2000, p. 391). 

Em 1907, JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - Nhozinho Santos - introduz o futebol no Maranhão [5] juntamente com outras modalidades esportivas. A primeira partida é "oficialmente" disputada no dia 27 de outubro de 1907, quando da fundação do FABRIL ATHLETIC CLUB:

 

[1] KOWALSKI, Marizabel. Estilo de vida e futebol. IN CONGRESSO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, VII, Gramado-RS, 29 de maio a 01 de junho de 2.000. COLETÂNEAS .... Porto Alegre : UFRGS, 2.000, p. 390-395

[2] O CENSOR MARANHENSE, no. 10, sábbado, 25 de fevereiro de 1826.

[3] ABRANCHES, Garcia de. O CENSOR MARANHENSE 1825-1830. (Edição fac-similar). São Luís : SIOGE, 1980. (Periódico redigido em São Luís de 1825 a 1830, por João Antônio Garcia de Abranches, cognominado "O Censor"; reedição promovida por iniciativa de Jomar Moraes).

[4] O CENSOR MARANHENSE, no. 2, sábbado, 5 de fevereiro de 1825, p. 29.

[5] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com