Resumo

Há algumas décadas afirmo que atletas são o verdadeiro legado olímpico. Não são os estádios, nem as piscinas, nem tampouco a infraestrutura imposta às cidades sede que guardarão a memória de uma edição olímpica. Afinal, o esporte sem atletas não passaria de uma abstração. Isso parece óbvio, mas de fato não é.

Criado no final do Século XIX, o Movimento Olímpico tem na Carta Olímpica o registro de um ideal de grupo e de competição esportiva que privilegiou padrões de conduta e de convivência das classes sociais privilegiadas. Apesar das profundas e drásticas transformações ocorridas no Oriente e no Ocidente ao longo de um século marcado por duas Grandes Guerras e pela Guerra Fria, poucas alterações marcaram a história olímpica contemporânea, a exceção do fim do amadorismo que promoveu na década de 1980 uma profunda alteração nos rumos do COI, como instituição, e da identidade do atleta, o protagonista do espetáculo esportivo e razão central da existência do Movimento Olímpico com a ascensão do profissionalismo.

Apesar desse protagonismo e da imortalização dos feitos atléticos na pessoa do atleta, pouco foi feito por e para esse sujeito que esteve à mercê dos interesses dos dirigentes e das políticas esportivas. Constata-se que na história olímpica os dirigentes não só ocuparam o poder e ditaram as regras dos Jogos e do Movimento Olímpico, como também se observa que nem todos eles foram atletas ou mesmo praticantes competitivos do esporte.

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