Resumo

'Foco, força e fé' é a teologia da prosperidade aplicada ao corpo

Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora avaliaram a qualificação dos maiores influencers fitness brasileiros – definidos como aqueles com mais de 100 mil seguidores no Instagram– e a qualidade científica de seus posts.

Encontraram que (a) 1 em cada 4 influencers não tem nenhuma credencial acadêmica; (b) quanto pior a sua formação, maior o número de seus seguidores; e (c) o número de seguidores não mantém correlação significante com a qualidade dos posts. Trocando em miúdos, influencers fitness não são boa influência. Alguma surpresa?

O chamado mundo fitness –indústria que promete saúde e bem-estar– é, em essência, uma farsa. Seu fetiche é vender padrão de beleza. E, acoplado a isso, métodos de melhoramento humano para alcançá-lo: esteroides, plásticas, suplementos, equipamentos, serviços. Além de feiras e cursos para difundir esses métodos, é claro.

No negócio do mundo fitness, a moderação e o equilíbrio representam fraqueza. A dieta deve ser rigorosa e o treinamento, pesado. Porque, como se diz nas redes –e a ciência contesta–, sem dor, sem ganho.

Outro mantra que não pode faltar no manual do bom influencer –tão original quanto a hashtag que o precede– é "foco, força e fé". Ou, nas entrelinhas: "se você não tem o corpo dos sonhos, é porque sonha pequeno ou é preguiçoso demais para chegar lá. Bora mudar esse mindset?".
 

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