O Fim do Passe e Seu Impacto Sobre o Desequilíbrio Competitivo Entre as Equipes de Futebol
Por Fábio Augusto Pera de Souza (Autor), Claudio Felisoni de Angelo (Autor).
Em RAUSP Revista de Administração, n 1, 2005. Da página 280 a 288
Resumo
A teoria microeconômica ajuda a compreender os impactos sobre o mercado de jogadores de futebol causados pela transição de um mercado regulado para um concorrencial. O processo de desregulamentação teve início na Europa com a Lei Bosman, a qual estabeleceu que os jogadores poderiam negociar livremente com as equipes. Os dirigentes dos clubes argumentam que a extinção do passe faz com que o mercado seja dividido em dois grupos distintos de equipes: aquelas em condições de pagar por bons jogadores e as fornecedoras de jogadores talentosos para os times mais ricos, aumentando o desequilíbrio competitivo nos campeonatos e, por conseqüência, diminuindo a atratividade dos torneios e as receitas dos clubes. Por outro lado, na teoria microeconômica esse problema é visto como a mudança de uma situação de monopsônio para um mercado competitivo. Sob essa ótica, não há indicação de aumento do desequilíbrio competitivo nos campeonatos no longo prazo. Neste trabalho, examinam-se as nove principais ligas européias e o Campeonato Brasileiro. Os resultados revelam que o fim do passe trouxe acréscimo significativo do desequilíbrio competitivo entre as equipes das ligas estudadas, sugerindo que a possibilidade de contar com os jogadores talentosos por um período maior de tempo e a compensação financeira pela liberação desses atletas, características inerentes ao passe e não presentes no mercado concorrencial, contribuíam para diminuir o desequilíbrio competitivo.