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Que o futebol é apaixonante, todos nós sabemos. Mas por que? Seria uma pretensão sem tamanho reivindicar uma explicação racional para um fenômeno cultural e social tão fascinante como é o futebol. Organizado na Inglaterra vitoriana o futebol fez parte do pacote do império britânico por onde aportou. Foi o reinado da rainha Vitória, entre 1837 a 1901, que impulsionou o desenvolvimento cultural e a hegemonia imperialista inglesa pelo mundo. 
A Inglaterra teve hegemonia política e econômica no cenário internacional durante o século XIX. Além de dominar o comércio transnacional, determinava as finanças internacionais por meio do padrão-ouro, metal saqueado pela coroa inglesa nas colônias das Américas e África, o que lhe  garantiu influência em políticas regionais e mundiais. Esse cenário só foi alterado depois das duas Guerras Mundiais, quando os Estados Unidos assumiram esse papel de controle político e econômico do sistema imperialista internacional. 
Em A Era do Extremos, Eric Hobsbawun, talvez o maior historiador marxista do século XX, definiuph como sendo “o esporte que o mundo tornou seu foi o futebol de clubes, filho da presença global britânica”. Ah, os clubes! Os primeiros clubes tem origem inglesa. O time mais antigo do mundo, Sheffield F. C, surgiu no país antes mesmo da regulamentação do esporte, que aconteceu em 1863 na Freemason’s Tavern – hoje conhecida como Freemasons Arms, em Covent Garden.
Vale ressaltar que a maioria dos clubes ingleses nasceram com caráter proletário e operário, como é caso do Liverpool FC. A cidade de Liverpool é uma das mais socialistas da Inglaterra, como gostam de afirmar os nativos. Seu histórico ligado ao movimento operário, de muita atividade portuária e conhecida por ter entrado em guerra com a conservadora neoliberal a ex primeira-ministra Margaret Thatcher nos anos 1980, mãe das políticas neoliberais e de pseudo-austeridade que culminaram no aumento do desemprego, número de mortes e revoltas dos trabalhadores. 
Justamente no período Thatcher é que a ligação do Liverpool com a classe trabalhadora se intensifica, entre 1979 e 1990. A reação às políticas neoliberais se deu pelos impactos diretos contra a população de Liverpool além do apoio de Thatcher ao apartheid, na África do Sul. 
Portanto, tem muita história por trás dos clubes, para além de troféus.

Sugestão de leitura

Hobsbawm, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991 / Eric Hobsbawm; tradução Marcos Santarrita; revisão técnica Maria Célia Paoli. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

FOER, Franklin. Como o futebol explica o mundo. Um olhas inesperado sobre a globalização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.