Resumo

A escolarização de atletas é tema recorrente nas pesquisas do Laboratório de Pesquisas em Educação do Corpo (LABEC) e uma preocupação latente em estudos internacionais. Tais investigações partem da premissa de que o esporte pode ser empecilho para a escolarização básica de jovens que investem nessa dupla carreira. A intenção dessa tese é a de contextualizar o processo de investimento no esporte a partir da análise de dados sobre a conciliação e o projeto individual de carreira de jovens atletas de futebol. O Objetivo central desse trabalho foi de analisar como os jovens atletas observam as oportunidades de profissionalização através do esporte e da escola, atuando e estruturando seu planejamento para o curso de vida. Partimos da hipótese de que esporte e escola são variáveis que são influenciadas pelas mesmas condições de contexto a que os jovens atletas estão inseridos, a saber: o contexto socioeconômico, de oportunidades e afetivo. Para responder às questões do estudo, realizamos o preenchimento de um questionário do tipo survey, com 62 jovens atletas, e uma série de 10 entrevistas semiestruturadas com jovens atletas de um clube tradicional de futebol do Rio de Janeiro. Destacamos que esses jovens participantes da pesquisa eram residentes no alojamento do próprio clube. Além disso, fizemos entrevistas com dois funcionários responsáveis pelo departamento que faz a mediação da dupla carreira do jovem atleta dentro do clube. Os resultados nos permitiram desconstruir a ideia de que o futebol pudesse atrapalhar a performance acadêmica dos jovens atletas no quesito tempo de permanência na escola. Vimos que o tempo de permanência na escola diminuía conforme os atletas migravam para o ensino noturno, porém, mostramos que essa variação poderia acontecer por desestruturação da escola. Somado a esses dados, observamos que a dupla carreira possuía entraves para a conciliação para todos os atores envolvidos, como clube, escola e o próprio atleta. Por fim, demonstramos que os jovens atletas de futebol que investigamos investiam no futebol por perceberem oportunidades de profissionalização mais exequíveis que na formação escolar. Além disso, sugerimos que o maior investimento no futebol poderia também ser reforçado por conta do desinvestimento que a instituição escolar fazia no projeto de escolarização para os jovens atletas. 

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