Resumo

A escola é um importante local para a formação de identidades, pois acolhe os/as alunos/as no mínimo quatro horas por dia, durante 200 dias do ano, em vários anos da vida de crianças, adolescentes e adultos. Dentro deste espaço destaca-se a educação física como disciplina que trabalha sistematicamente com os elementos da cultura corporal. Durante a realização desta dissertação, percebi que a forma pela qual professores/as e alunos/as concebem os objetivos das aulas de educação física influencia diretamente a maneira como as questões de gênero aparecem no decorrer da prática pedagógica. Quando se possui concepções ligadas meramente aos aspectos de ensino de esportes, trabalhando na escola com ênfase nas valências físicas força e agilidade , prejudica-se a participação e o aprendizado das alunas e daqueles alunos que não correspondem aos padrões de masculinidade hegemônica. Nestas condições, parece-me importante a reorganização das aulas, tanto em relação à diversificação dos conteúdos quanto à forma de trabalhá-los, de maneira a promover o aprendizado de todos/as os/as alunos/as e não apenas à reprodução acrítica de atividades físicas passíveis de serem realizadas em qualquer espaço social, desarticuladas dos valores que norteiam a proposta pedagógica da escola. Por último, mas não menos importante, a pesquisa demonstrou que as meninas vivenciam um clima de medo durante as aulas e prefeririam que as mesmas fossem separadas por sexo, como forma de garantir sua integridade física. Isso não significa dizer, porém, que a separação seja o único caminho (nem o mais desejável) para garantir a participação e o aprendizado das meninas, podendo tais objetivos ser alcançados por meio de uma atuação dos/as professores/as comprometida com a promoção da equidade de gênero em todas as aulas, inclusive as de educação física.

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