Resumo

O interesse político dos atores públicos em torno das políticas públicas esportivas no Brasil é recente e ganhou destaque sobretudo em função dos principais eventos esportivos mundiais sediados no país, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. No contexto do Estado do Espírito Santo, o desenvolvimento do Projeto Esporte Pela Paz se destacou como uma estratégia de enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, destacando o esporte como instrumento transformador para o exercício da cidadania, qualidade de vida e inclusão social. Nesse sentido, objetivou-se com esta pesquisa investigar o habitus político do Estado do Espírito Santo nos anos de 2011 a 2014, nomeadamente no ajustamento do campo das políticas da Secretaria de Esporte e Lazer. Especificamente, buscou-se verificar como e até que ponto o habitus político dos agentes políticos interferiu no Projeto Esporte Pela Paz. Para tanto, recorremos qualitativamente a diferentes fontes de recolha de dados, a saber: entrevistas semiestruturadas e análise de documentos oficiais. A pesquisa abrangeu, em sua totalidade, o universo dos ex-gestores e ex-ordenadores de despesas das Secretarias Municipais e Estadual que foram responsáveis pela execução do Projeto nos anos de 2011 a 2014. A interpretação do material recolhido foi realizada conforme a técnica da Análise de Conteúdo a partir das categorias que foram definidas a priori. Concluiu-se que prevaleceu entre os atores públicos um habitus que orientou os padrões de determinado curso de suas ações e que interferiu no ajustamento do campo das políticas da Secretaria de Esportes e Lazer, nomeadamente através do Projeto Esporte Pela Paz. Constatou-se ainda que um ciclo que poderia ser virtuoso se tornou vicioso, em função de não ponderarem limites para a hegemonia e a manutenção do poder.

Acessar