Resumo

Nas sociedades contemporâneas o esporte ocupa um papel de destaque na mídia e em discursos econômicos e políticos. A prática esportiva, além de propiciar ao homem hábitos saudáveis e lhes garantir o prazer, alcança dimensões subjetivas na aquisição de valores, nas relações com o outro e consigo mesmo, e no reconhecimento de seus limites e potencialidades. O esporte faz parte do processo civilizatório, isto é, faz parte da cultura humana. O esporte quando praticado junto à natureza pode reatualizar alguns mitos e modificar alguns conceitos sobre o papel desta na vida do homem. O objetivo desse estudo é investigar alguns sentidos de aventura, risco e vertigem presentes nos discursos dos praticantes de rafting enquanto esporte de lazer e destacar os elementos simbólicos e míticos aí expressos. O estudo tem uma abordagem qualitativa e fundamenta-se no pressuposto de que há uma relação dinâmica entre o sujeito e o mundo real, ou seja, que o sujeito e o objeto se relacionam interdependentemente. Utilizou-se como instrumentos metodológicos a entrevista semi-estruturada e a técnica projetiva de associação de idéias a sete palavras indutoras. As entrevistas forneceram informações para a compreensão do imaginário social que envolve essa atividade. O método que se utilizou para interpretar os discursos foi o da Análise do Discurso de Orlandi (2001). Na fase de observação foi feita uma descrição densa sobre os locais de prática desses atores. As conclusões preliminares desse estudo são que o rafting se apresenta nos discursos de seus praticantes como um esporte repleto de aventura, que tem um risco calculado, o qual é silenciado em seus discursos pela diversão e por um prazer Dionisíaco. A vertigem mostrou-se presente no momento exato entre o medo e o prazer. Toda a dinâmica que envolve o rafting, a luta que os praticantes enfrentam contra obstáculos internos e externos, a existência do risco e da diversão, os momentos de concentração e contemplação os conduzem a uma imaginação dinâmica que carrega em si o arquétipo da serpente.

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