Resumo

Essa pesquisa de tese tem por objetivo mapear alguns sentidos do percurso de jogadores de futebol profissional de saída do Brasil para atuar no exterior e do desejo de voltar do exterior para atuar no Brasil. Para tanto, identificamos algumas representações do futebol na vida de atletas a fim de apontar sentidos do futebol para esses jogadores. Para embasar o percurso da carreira dos atletas, com base em Joseph Campbell (1990; 2005) e Katia Rubio (2001a; 2001b; 2016), fundamentamos o debate sobre o mito do herói, bem como sobre o chamado herói moderno, cujo principal representante é o herói esportivo. Destacamos as particularidades do início da jornada dos heróis futebolísticos no Brasil à luz de Mario Rodrigues Filho (2003); e apresentamos uma discussão sobre identidade cultural brasileira (RIBEIRO, 2006; DAMATTA, 1984). No intuito de compreender aspectos das falas dos entrevistados sobre as diferenças e dificuldades encontradas na transferência para o exterior, lançamos mão de estudos sobre a diversidade cultural e identidade cultural (GEERTZ, 2001; HALL, 2001). Como instrumento de coleta de dados, aplicamos entrevista semiestruturada aos jogadores de futebol de campo da primeira divisão profissional no Brasil e no exterior. As entrevistas foram analisadas a partir da técnica análise de conteúdo, na perspectiva de Laurence Bardin (1977). Optamos como recorte dois diferentes momentos da carreira de um atleta, e dividimo-los em dois grupos. No primeiro, denominado grupo amostral “A”, foram realizadas entrevistas com quatro jogadores de futebol de campo profissional que atuam em times da primeira divisão do campeonato brasileiro, que iniciaram a carreira profissional há mais ou menos três anos e que nunca tiveram a experiência em atuar por um clube de futebol do exterior. No segundo grupo, denominado grupo amostral “B”, foram realizadas quatro entrevistas com jogadores de futebol profissional, brasileiros, que atuam em times europeus, e que ainda não voltaram ao futebol brasileiro após terem-se transferido para o clube do exterior. Dividimos os dados obtidos nas entrevistas em dez categorias, quais sejam: (1) parte financeira; (2) representa tudo; (3) curtir a família; (4) jogar por um clube melhor; (5) sonho realizado; (6) crescimento pessoal; (7) profissionalismo do futebol europeu x amadorismo do futebol brasileiro; (8) diferença no estilo de jogo; (9) retribuição ao clube formador; (10) proximidade da família. Nota-se, através da análise dos dados, que o futebol tem uma representação de totalidade para os indivíduos entrevistados, especialmente em razão das possibilidades socioeconômicas e da realização do sonho de infância. Os objetivos profissionais a serem alcançados pelos informantes variam de acordo com o momento vivido. Os jogadores que atuam no Brasil, recém-promovidos à categoria profissional, afirmam o desejo de jogar no futebol europeu em busca de crescimento e aprendizado profissional, enquanto os jogadores que atuam na Europa destacam, entre outros, o desejo de retornar ao Brasil para estar perto de seus familiares, e também a vontade de retribuir ao clube formador

Titulação: Doutor em Psicologia SocialData da defesa: 15/02/2017